Ricardo Amorim: “Brasil está cheio de oportunidades e ES sai na frente”

Ricardo Amorim palestrou no Meeting de Líderes Industrias (22/09/2023)| Foto: Thiago Guimarães/Findes

O economista palestrou durante o 14º Meeting de Líderes Industriais realizado em setembro 

O Brasil tem uma grande vantagem competitiva em relação aos demais países em desenvolvimento. E, na busca por um bom ambiente de negócios no país, o Espírito Santo é o estado que sai na frente. Foi o que apontou o economista Ricardo Amorim durante palestra para empresários e lideranças capixabas.  

Ricardo Amorim participou, nos dias 22 e 23 de setembro, da 14ª edição do Meeting de Líderes Industriais. O evento foi realizado pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e pelo Centro da Indústria do Espírito Santo (Cindes), em Pedra Azul, Domingos Martins.  

O economista ressaltou que o ES é “um estado diferenciado, pois se planeja pensando a longo prazo”. Para ele, o olhar voltado para o planejamento é determinante para um crescimento sustentado, que vai acontecer em maior e menor grau de acordo com a atenção que é dada para alguns fatores. Entre eles, Amorim destaca cinco tópicos: potencial do Espírito Santo; qualificação profissional e inovação; economia nacional; indústria nacional; e oportunidades. 

Veja mais sobre o Meeting 2023:

Confira abaixo o que o economista disse sobre cada um deles: 

1 – Potencial do Espírito Santo 
  • O Espírito Santo é um Estado diferenciado, que planeja a longo prazo, diferente da maior parte do Brasil. No país de forma geral, pós-período de redemocratização brasileira, não existe continuidade do ponto de vista de políticas governamentais. Você encontra mudanças radicais cada vez que tem um tipo de mudança política.
  • As oportunidades [de investir] que existem hoje no Brasil são maiores no Espírito Santo do que em boa parte do resto do país ou de todo ele.
  • Uma coisa não tenho dúvida, se isso acontecer [crescimento da indústria] o Espírito Santo vai ser um dos [estados] que vai liderar esse processo. Isso não tenho dúvida nenhuma. Isso vai ter que ser liderado por este estado. 
2 – Qualificação profissional e inovação 
  • Vivemos um processo de mais automação e inteligência artificial. Cada vez mais precisaremos de gente preparada capaz de poder trabalhar com as novas tecnologias.  
  • A produtividade por empregado, e, por consequência, também a remuneração por empregado, vai ser muito maior com as novas tecnologias.  
  • O que acontece no Brasil de ensino técnico é feito por vocês [federações]. Se não houvesse o que é o Sistema S como um todo, mas mais particularmente dentro da indústria, onde ele é mais importante na capacitação de mão de obra. Sem Sesi e Senai, esquece. Sem o Senai nada disso estaria acontecendo. 
  • Precisamos reforçar a parte de educação e qualificação com um olhar para fazer mais. 
  • No G20, tirando a África do Sul, o Brasil tem a maior taxa de desemprego. A taxa estrutural de desemprego no país é alta porque falta investimento em educação.  
  • Tem um monte de gente que está impregável* (sic) porque está desqualificado e esse número vem crescendo. Quanto mais rápido é o desenvolvimento tecnológico, mais rápido fica gente pra trás. É por isso que o ensino técnico é tão importante. Você está treinando gente porque o mercado necessita.  
  • Em geral, a educação brasileira está fazendo o contrário: preparando um monte de gente para discussões dogmáticas e não para ter um trabalho depois. 
  • No ano passado, o país foi o que mais reduziu a taxa desemprego. Isso significa mais gente trabalhando, com renda, consumindo e com maior poder de compra. 
  • Mais transformação requer mais capacidade de resposta, requer ecossistemas mais fortes, requer preparação de mão de obra mais forte e, definitivamente, requer uma indústria mais forte. 

[*] o termo impregável é citado no best seller Homo-Deus de Yuval Noah Harari. Ele faz referência aos indivíduos que não só perderão o seu emprego devido a era digital como também serão incapazes de conseguir outro. 

Ricardo Amorim palestrou no Meeting de Líderes Industrias (22/09/2023)| Foto: Thiago Guimarães/Findes

3 – Economia nacional e risco geopolítico 

  • A maior parte dos negócios que surge no Brasil, surge pequeno para ser eternamente pequeno. 
  • Mesmo com dois governos com linhas diametralmente opostas, o que se vê é que nos últimos três anos, a economia brasileira vem surpreendendo e crescendo mais do que as pessoas acham.  
  • Tem algo novo e grande a nosso favor, uma oportunidade que está na nossa mão [Brasil]. 
  • Vivemos no país a maior alta inflacionária dos últimos 40 anos. Para reverter tem que pegar a Selic e ir subindo. O resultado disso é um freio grande na economia, mesmo assim o país continuou crescendo. 
  • O Brasil está puxando a queda de juros. É o país latino-americano e o entre os em desenvolvimento com menor taxa. A inflação brasileira está abaixo da inflação dos EUA e da Europa. Os responsáveis foram a atuação do Banco Central e a variação cambial.  
  • Quando Vladimir Putin [presidente da Rússia] invade a Ucrânia, ele coloca o risco geopolítico no radar das grandes empresas globais. Uma semana depois, a China começa a sobrevoar Taiwan com um míssil. Isso torna o Brasil o único grande país emergente com risco geopolítico muito baixo. 
  • As empresas estão buscando países emergentes porque o potencial de crescimento de consumo é imensamente maior do que o dos países desenvolvidos. 
  • País emergente tem um monte. Emergente grande é raro. Emergente grande e com risco geopolítico baixo, só tem a gente [o Brasil]. O Brasil está uma maravilha? Absolutamente, não. Mas em relação ao que eles têm entre as outras opções, a gente está ganhando por WO.
4 – Indústria nacional 
  • Eu não tenho dúvida absolutamente nenhuma que não existe país, região, nação, Estado, sem indústria forte por uma razão muito simples. Quando a gente olha a remuneração média da indústria e compara com os outros setores, ela é maior. A razão é muito simples: a capacitação de quem trabalha na indústria é muito maior e a agregação de valor também. 
  • A produção industrial nacional hoje está igual há 20 anos. A indústria brasileira está estagnada há muito tempo. Em níveis muito inferiores aos que tivemos há 10 anos, 15 anos atrás. Precisamos fazer algo diferente do que estamos fazendo. 
  • É preciso pensar em ecossistema. Os empreendedores brasileiros precisam avançar mais nesse tema. Ele é importante para o crescimento do país. 
Ricardo Amorim palestrou no Meeting de Líderes Industrias (22/09/2023)| Foto: Thiago Guimarães/Findes
5 – Oportunidades 
  • Longo prazo é o que permite que tenhamos planejamento e sem ele não temos condições básicas para o sucesso não só de qualquer país, como particularmente da indústria. Estou falando de infraestrutura. Quando a gente fala de projetos transformacionais, estamos falando de projetos a longo prazo.  
  • Temos uma mentalidade no Brasil de querer avançar sem mexer no que está posto. Essas duas coisas não andam juntas. Precisamos entender que o legado é importante, fundamental, mas não pode ser um fardo. O que somos capazes de fazer hoje tem que ser algo que impulsiona e não que pese no que vamos ver daqui pra frente. 
  • A pandemia mudou duas coisas que criaram uma oportunidade gigantesca para o Brasil: o país hoje tem menor risco de quebra de cadeia produtiva (proximidade entre matéria-prima, produção e mercado consumidor) e menor risco geopolítico (conflitos entre países). 
  • O fato de a indústria ter uma carga tributária muito mais alta do que outros setores, foi um componente importante para o processo de desindustrialização que o país viveu, que vai ser revertido com a Reforma Tributária. E aí a oportunidade de fortalecer a indústria do país e se inserir onde tem vantagem competitiva.  
  • O Brasil precisa reforçar e agregar valor em cima das vantagens que já existem.  
  • De três ano para cá, o jogo mudou. Depois da pandemia, surge de vez o ESG. Essa é uma oportunidade gigante para o Brasil. O Brasil tem uma energia muito limpa em relação aos demais países. Isso gera ganhos de competitividade. 
  • Estamos cheios de oportunidades, mas elas não vão acontecer sozinha. Parte, cabe a nós fazermos com que aconteçam, e a outra [parte] é cobrar dos governos e formuladores de política para que as condições estejam lá. 

 

Por Siumara Gonçalves

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