“O ES tem absolutamente tudo para ser um estado de referência no Brasil”, diz presidente da Suzano

Walter Schalka, CEO da Suzano, durante palestra no Meeting de Líderes Industrias (23/09/2023)| Foto: Thiago Guimarães/Findes

Multinacional do setor de celulose e papel anunciou na quinta-feira (26/10) um investimento de R$ 1,17 bilhão em Aracruz 

A Suzano anunciou, nesta quinta-feira (26/10), que investirá R$ 1,17 bilhão, até 2026, em uma nova fábrica de Tissue e na substituição da caldeira de biomassa na unidade Aracruz. O comunicado foi feito pelo presidente da companhia, Walter Schalka, durante o Investor Day Suzano, em São Paulo. 

Na ocasião, o executivo falou sobre os investimentos e oportunidades para o Espírito Santo, reforçando inclusive alguns dos pontos que compartilhou quando participou da 14ª edição do Meeting de Líderes Industriais, realizado pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e pelo Centro da Indústria do Espírito Santo (Cindes), em Pedra Azul, Domingos Martins.  

“O ES tem absolutamente tudo para ser um estado de referência no Brasil”, citou Schalka no encontro que reuniu as principais lideranças industriais e políticas do Espírito Santo, nos dias 22 e 23 de setembro.   

Em sua apresentação no evento, também destacou que o mundo precisa mudar sua matriz energética e que o Brasil é um exemplo do uso de energias sustentáveis. Além disso, pontuou que “o mundo, principalmente os países ricos, precisa pagar pela preservação da Amazônia”. 

A apresentação foi dividida em cinco partes: sustentabilidade, energia e florestas; oportunidades; indústria florestal; e Suzano. 

Walter Schalka, CEO da Suzano, durante palestra no Meeting de Líderes Industrias (23/09/2023)| Foto: Thiago Guimarães/Findes

Confira abaixo um ponto a ponto do que o presidente da Suzano, Walter Schalka, disse no Meeting de Líderes Industriais 2023:  

1 – Sustentabilidade, energia e florestas 
Mudança na matriz energética do mundo 
  • Nós temos uma crise climática acontecendo nesse momento que está se agravando, e estamos correndo em direção a esse precipício e acelerando. 
  • Pra reverter essa situação, precisamos mudar a curva de carbono com ações colaborativas. Ou seja, mudar a matriz energética global. Ela, junto com os transportes, representa 56% do total de emissões.  
  • Não adianta fazer carro elétrico e produzir energia com carvão, pois só isso não resolve. Precisamos começar com a matriz energética. 
Zero desmatamento 
  • Precisamos parar completamente a devastação das florestas no mundo e estabelecer zero desmatamento. O Brasil tem uma oportunidade única nessa questão. 
  • É preciso reestabelecer as florestas nativas em áreas degradadas. O mundo tem milhões de hectares de florestas desmatadas, inclusive o Brasil. 
2 – Oportunidades 
Espírito Santo 
  • O ES tem absolutamente tudo para ser um estado de referência no Brasil. Tem uma posição geográfica muito bem localizada. Tem uma das melhores educações do Brasil, apesar de ainda reconhecer que ainda temos oportunidades de evolução.  
  • O Estado tem uma situação fiscal muito equilibrada, o que é uma coisa positiva e absolutamente anômala. Se resolver as questões institucionais e de infraestrutura, tem um potencial enorme de investir. 
Brasil  
  • O Brasil tem uma oportunidade única de inserção global que está sendo desperdiçada. Estamos jogando fora as oportunidades. Ninguém tem uma posição geopolítica que o Brasil tem na questão ambiental. 
  • Aqui [no Brasil], a nossa matriz energética é muito positiva. No primeiro trimestre deste ano, 95% da matriz energética foi renovável. Não existe nenhum país do mundo com essa situação. Em pouco tempo, 100% da nossa matriz vai ser renovável.  
  • Vamos ter uma energia barata no país, competitiva. O preço da energia no Brasil hoje é cerca de R$ 70,00 por MW, cerca de US$ 14,00 MW. Hoje, a Europa paga, aproximadamente, US$ 75,00 por MW, cinco vezes mais do que o Brasil. 
  • Nós temos que ser eletrointensivos em algumas dessas questões para podermos exportar e gerar competitividade para as empresas brasileiras. 
  • Só que o Brasil precisa resolver uma única questão que se chama Amazônia. 97% da retirada de florestas na Amazônia é ilegal. Ou seja, nós não precisamos mais mexer na nossa legislação. Ela está absolutamente perfeita. Só que tem pessoas ganhando muito dinheiro com a ilegalidade e vivendo dela.
  • Tem uma forma de resolver isso: Chamar a América do Norte, a Europa, China e Japão e dizer que eles têm que pagar pelo CO² que estão emitindo. Eu já apresentei a conta ao governo e são US$ 10 bilhões ao ano.  
  • O que o Brasil ganha hoje com a devastação da Amazônia? Nada. Porque essas terras que estão hoje sendo desmatadas, viram geralmente pastagens que depois são abandonadas. 
Conexão das cadeias produtivas 
  • Temos que integrar as cadeias. E, com isso, podemos ter uma oportunidade única no mundo.  
  • Qual a lógica empresarial de mandarmos as commodities do Brasil pra fora? Os outros países integraram as cadeias lá fora, geram valor lá fora e ficamos só com as commodities.  
  • Temos uma situação de balança comercial hoje que é muito positiva. Cerca de US$ 60 a US$ 65 mil ano, mas se tira as commodities, petróleo, minério e grãos da conta, nossa balança comercial fica negativa. Nós não podemos permitir isso. Nós temos que ter industrialização no Brasil. 
  • Parabéns, Cris pelo trabalho que você faz e por todo o Sistema pra gente voltar a industrializar no Brasil. 
3 – Indústria florestal 
Plantio de árvores 
  • Muita gente confunde a indústria de árvores plantadas com floresta. Todo mundo acha que somos [Suzano] ligados as florestas, mas não somos. Somos ligados às árvores plantadas. 
  • A Suzano planta todos os dias 1,2 milhão de árvores que serão colhidas em sete anos, que é o período de conta que temos para a produção de produtos da bioeconomia. 
  • A área de eucalipto tem mais diversidade do que soja, grão, milho, algodão. Nós não somos uma empresa de biodiversidade ligada à floresta nativa. 
  • Também temos um milhão de hectares de áreas preservadas na Suzano. Mas somos uma empresa que planta e colhe árvores. 
  • Se eucalipto secasse solo seríamos uma empresa nômade. Nossas bases instaladas têm 60, 70 anos, no sétimo oitavo ciclo de produção. Não há estudos científicos que provem que o plantio de eucalipto seque o solo.  
  • A nossa indústria é a que mais investe no Brasil, depois da indústria de petróleo. Tenho muito orgulho de trabalhar onde trabalhamos. Por meio da árvore, podemos ter uma evolução muito importante. 
Walter Schalka, CEO da Suzano, durante palestra no Meeting de Líderes Industrias (23/09/2023)| Foto: Thiago Guimarães/Findes
4 – Suzano 
Inovação e sustentabilidade = “inovabilidade” 
  • O nosso tema principal é “inovabilidade”, ou seja, inovação com sustentabilidade. E isso vem acontecendo ao longo de gerações. 
  • O eucalipto é uma espécie exótica ao Brasil, foi trazida da Austrália por duas empresas simultaneamente: Suzano e Aracruz Celulose. Começou a se plantar naquele momento uma árvore que trazia uma fibra diferente, uma fibra curta. Todo mundo falava que não ia dar certo. 
  • Hoje, no mercado global de celulose, 57% [da venda] é fibra curta e 43% é fibra longa. Todos os dias a gente ganha marketing share da fibra longa. Todos os dias vamos melhorando o nosso produto e entrando em novos mercados. 
  • A Suzano tem cinco grandes avenidas estratégicas que são:  
  1. Competitividade de custo. Ninguém é tão competitivo no mundo quanto a Suzano. Nós vamos continuar e ainda sendo mais competitivos porque nós investimos em muitas coisas. Investimos em desenvolvimento clonal, retrofit das nossas fábricas, competitividade. O custo da logística é muito importante. Não existe fábrica melhor e mais bem impulsionada que a de Aracruz. Ela dá dois quilômetros pro porto que é nosso. Ali, tem um potencial enorme de crescimento. O posicionamento que temos é absolutamente irreplicável e precisamos usar isso como instrumento de competitividade. 
  2. A Suzano exporta energia. Pegamos a árvore, uma parte dela vai virar fibra, que vai virar celulose e depois papel. A outra parte, que a lignina, nós queimamos em uma caldeira de recuperação, geramos vapor de alta tensão, colocamos em uma turbina, produzimos parte da energia e exportamos o resto. Nós somos exportadores de energia. 
  3. Presença no mercado global. Nós temos hoje 28% do mercado de celulose global. Exportamos para 110 países. Somos absolutamente diferenciados em relação aos outros. Temos 40% do mercado americano de tissue. Somos o único fornecedor global da Procter & Gamble (P&G). 100% dos produtos deles saem da fábrica de Aracruz. 100% no mundo inteiro. Além disso, nós somos o único fornecedor global da Kimberly-Clark e de uma série de outras empresas. Que, além de ter presença no mercado americano, temos 40% do mercado chinês. Nós temos uma presença muito relevante no mundo e atendemos dois bilhões de pessoas todos os meses.  
  4. Investimento. Neste momento, estamos no maior programa de investimento da história da companhia. Investimos, nos últimos três anos, R$ 50 bilhões; e, neste ano, vamos investir R$ 18,5 bilhões. Estamos construindo a maior fábrica de celulose do mundo em Mato Grosso do Sul. Aí fica o desafio do governo do ES. Estamos construindo uma fábrica a mil quilômetros de distância do porto. Ela vai ser supercompetitiva, com 2,5 milhões de toneladas. Mas nós temos aqui Aracruz a dois quilômetros do porto. Nós podemos fazer muito mais. 
  5. Verticalização. Queremos nos aproximar do consumidor. Entramos do mercado de celulose fluff [é fabricada a partir das fibras longas do pínus], que é utilizado em fraldas e absorventes femininos. Estamos revolucionando esse mercado e vamos crescer nele. Nós entramos no mercado de papel higiênico no Brasil, o tissue. Começamos há seis anos e um power point, era zero a nossa participação. Agora, nesse mês [setembro] somos líderes no mercado brasileiro. Fizemos uma operação em Mucuri (BA) e em Imperatriz, depois nós fizemos uma fábrica em Cachoeiro de Itapemirim. Recentemente, compramos a operação da Kimberly-Clark no Brasil, e agora temos a marca Neve. Temos distribuição, marca e competitividade. Isso é integração da cadeia. Nós queremos fazer mais. Vamos continuar integrando a cadeia com outros produtos. 
Inovação e crescimento 
  • Estamos começando a produzir roupas com a nossa fibra [celulose]. Entramos no mercado têxtil. Fizemos uma parceria com uma empresa finlandesa e eles estão produzindo lá com celulose do Brasil. Estamos produzindo fibra têxtil.  
  • No mercado têxtil, 20 milhões de toneladas no mundo vem do algodão, 80 milhões de toneladas vem de derivados do petróleo, poliéster e poliamida, e 6 milhões de toneladas só é que vem da árvore. É daí que a gente vai retirar o plástico. Não é da margarina, do baldo… vamos retirar de outras coisas, outros mercados.
  • Já estamos produzindo fibra têxtil a partir da árvore plantada aqui no Brasil. Queremos entrar no mercado de bio-óleo que tem um potencial enorme no país. Queremos substituir embalagens plásticas de uso individual que são recicladas. Tem muita coisa acontecendo. Nós vamos continuar trabalhando nisso. 
 4 – Celulose no mercado têxtil 
Sustentabilidade 
  • Somos negativo em carbono hoje. Nos mais absorvemos carbono do que emitimos.  
  • Também temos responsabilidade com as comunidades que nós atuamos. Temos um programa para tirar 200 mil pessoas da pobreza de forma sustentável. Somos o maior produtor de mel do Brasil com receita zero. 100% da receita com mel das comunidades em que estamos vão para as comunidades. Não recebemos um centavo.  
  • Ajudamos as comunidades dando tecnologia, roupas, caixas, matrizes, preparando isso. Essa é a forma que a gente vai gradativamente, com esse e outros programas mudando o panorama social das regiões onde atuamos. 
  • Mas, além dessa questão de trabalhar com as comunidades, temos os corredores de biodiversidade. Nós plantamos em mosaico com eucalipto e mata nativa. Nós só entramos em áreas que, por certificação, tenham sido degradadas antes de 1994. Portanto, 29 anos. As matas nativas vão ficando fragmentos. Estamos fazendo 500 mil hectares de integração de biodiversidade. Investimento expressivo para fazer isso acontecer. 
  • Acreditamos que essa jornada ESG [ambiental, social e governança, em português] não deveria ser só uma jornada de apresentação de Power Point ou de apresentação para investidores. É uma jornada coletiva. Onde nós vamos endereçar questões importantes, como a diversidade nas empresas. 
  • Colocamos uma meta de ter 30% de mulheres na liderança até 2025. De ter 30% de negros na liderança até 2025. Com isso, a gente vai construindo uma sociedade diferente. 
  • Colocamos uma regra nos nossos financiamentos no exterior chamado greenbonus [bônus verde], que diz que: se não atingirmos nossas metas, eu tenho que pagar um juro maior. Não é só ficar prometendo e não cumprir. Se eu prometer e não cumprir, eu vou pagar. 
  • Essa deveria ser uma filosofia nossa [das empresas] de construirmos uma sociedade melhor, uma sociedade diferenciada, onde possamos endereçar a questão da crise climática à questão da distribuição de renda, à questão da diversidade e construir uma sociedade coletivamente. Acabou, nessa questão ambiental e social, de ser um jogo de competição. 
  • Eu estou muito próximo de trabalhar com todos os meus competidores, e todos eles fazem a mesma coisa e são empresas seríssimas. Nós estamos construindo um modelo que pode ser replicável, diferenciado, que pode impactar a vida de bilhões de pessoas no mundo. 

*[…] – As informações entre colchetes foram incluídas na edição deste conteúdo para facilitar a compreensão do leitor. 

 

Veja mais sobre o Meeting 2023: 

 

 Por Siumara Gonçalves 

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