04/09/2015 – Programa Atleta do Futuro: transformando jovens carentes em campeões mundiais

O PAF – Programa Atleta do Futuro – comemora os títulos mundiais de três jovens da Serra (ES) no Campeonato Mundial de Jiu-Jítsu Profissional, ocorrido no final de agosto, no Tancredão, em Vitória

 

O professor Marcelo Barcelos de Souza entre os campeões mundiais Hiasmin da Silva e Tiago Cardoso

 O Programa Atleta do Futuro – PAF é uma iniciativa do Serviço Social da Indústria – Sesi – aplicada em todo o território nacional que utiliza o esporte para promover a educação e a inclusão social de crianças e adolescentes de áreas carentes. Em aulas gratuitas de iniciação motora e prática esportiva, são trabalhados conceitos e valores como ética, trabalho em equipe, superação, respeito, autoestima e saúde. Presente desde 2008 no Espírito Santo, o PAF atende, atualmente, 3.856 jovens de 6 a 17 anos em todo o Estado em diversas modalidades, como futebol, futsal, voleibol, vôlei de praia, handebol, natação, xadrez, karatê, judô e jiu-jítsu. Nesta última, o PAF da Serra acabou formando recentemente três campeões mundiais!

Durante o Campeonato Mundial de Jiu-Jítsu Profissional realizado nos dias 14 e 15 de agosto no Tancredão, em Vitória, três medalhas de ouro foram conquistadas por jovens atletas do programa em suas respectivas categorias. Hiasmim da Silva do Espírito Santo, 14 anos, foi campeã na categoria “Pesadíssima – faixa amarela”; Tiago Cardoso Shwanz, 16 anos, conquistou a medalha de ouro na categoria “Meio Pesado – faixa branca”; e Wagner Ghil Guimarães, 17 anos, venceu na “Meio Pesado – faixa azul”. Além disso, o professor deles, Marcelo Barcelos de Souza, ficou em 3º lugar na categoria “Leve – faixa preta” profissional.

Transformando vidas

Mais importante do que os títulos é a transformação social e pessoal promovida pelo PAF. O caso de Tiago Cardoso, o medalhista de ouro “Meio Pesado”, exemplifica bem esse poder transformador do programa. Com notas baixas na escola e dificuldades para se disciplinar mais com os estudos, seus pais o matricularam, inicialmente, na natação oferecida pelo PAF no Sesi de Laranjeiras.

 

 

Tiago Cardoso conquistou a medalha de ouro na categoria “Meio Pesado – faixa branca”, mas diz que sua maior conquista foi poder adquirir mais disciplina nos estudos e mais responsabilidade após se inscrever no PAF

“Logo em seguida, descobri que havia o jiu-jítsu também, e me identifiquei de imediato!”, afirma Tiago. “O professor Marcelo me abraçou, literalmente. Fui subindo de faixas e acabei me envolvendo de maneira completa. Minha mãe é a primeira a elogiar, pois minha disciplina no esporte se transferiu para os estudos:minhas notas melhoraram, e até a minha alimentação também. Hoje eu vejo um futuro para a minha vida, ainda mais que muitas pessoas do meu bairro se envolvem com o crime, com a droga, e aqui eu tenho paz, uma motivação para seguir o caminho do bem”, completa o jovem campeão.

O caso de Hiasmim da Silva, campeã mundial na categoria “Pesadíssima”, é até curioso, pois seus pais a matricularam no PAF para que ela superasse a sua timidez, pois nos estudos sempre foi aluna exemplar. “Eu estava numa festa da igreja e um colega me indicou para o jiu-jítsu por causa de meu porte físico. Eu sou muito tímida, nunca nem imaginei que pudesse me dar bem nesse esporte”, conta Hiasmin, que desde então é considerada um fenômeno, ganhando medalhas e mais medalhas em todas as competições de que tem participado, incluindo o título brasileiro no X-Combat, antes do mundial em Vitória. 

 

Hiasmim da Silva, 14 anos, campeã mundial na categoria “Pesadíssima – faixa amarela”, buscou o PAF para vencer sua timidez, e acabou se tornando um fenômeno no jiu-jítsu

 “Eu agradeço muito a Deus, à minha família e ao meu professor, pois eles me deram todo o apoio necessário para que eu pudesse me desenvolver tão bem nessa modalidade esportiva”, ressalta Hiasmim. “O Programa Atleta do Futuro ajuda demais a gente, não somente com o esporte, mas no convívio social, na disciplina, e isso influencia diretamente nos estudos. Eu vejo que muitos pais, aliás, matriculam seus filhos no PAF justamente para que possam ter mais foco nos estudos, pois o programa cobra isso de nós o tempo inteiro”, completa a super campeã.

O mestre desses jovens campeões da Serra se emociona ao falar do PAF. “Eu não tive essa oportunidade quando era mais jovem, de poder iniciar no esporte num projeto tão nobre como o PAF, tendo todo o suporte do Sesi por trás”, afirma o professor Marcelo Barcelos de Souza. “Eu mesmo tive uma juventude errática. Me envolvi com coisas ruins e somente com 18 anos pude conhecer o jiu-jitsu. Eu havia perdido já a esperança de trabalhar e ganhar um dinheiro de maneira digna, não tinha muita perspectiva. E, hoje, ouvindo o que esses meninos e meninas falam sobre o Programa, é algo que me engrandece. É o melhor presente que eu poderia ganhar”, completa o professor, que hoje possui sua própria academia de jiu-jítsu em Jacaraípe (Serra), alternando suas aulas com as do PAF.

  

O professor Marcelo Barcelos de Souza e sua turma de jiu-jítsu do PAF do Sesi Civit, na Serra. Ele também possui sua própria história de superação pessoal por meio do esporte e hoje transmite seu conhecimento e os valores éticos e morais para os jovens

“Eu tenho cerca de 200 alunos aqui no Sesi de Laranjeiras, e mais 400 amigos, que são os seus pais, que confiam em mim, participam e dão todo o apoio. Agradeço ao Sesi por permitir isso, pois são jovens em risco social que têm uma chance de, em vez de estarem na rua, expostos ao crime, após as aulas, dedicarem-se ao esporte e aos valores éticos e morais que o PAF promove. Minha maior conquista é essa: formar cidadãos de bem!”, finaliza Marcelo.

Confiança dos pais

De acordo com o Sesi-ES, formar campeões é uma consequência positiva do trabalho principal do PAF, que é atender a famílias com jovens residentes em regiões que apresentam risco social. Na Serra, os pais são unânimes em elogiar o programa e sempre o indicam para amigos e parentes. Rosângela de Souza Santos, moradora de Nova Carapina, matriculou o filho Otávio Augusto, de 12 anos, após a indicação de uma amiga. “Meu filho já comentava que queria participar porque alguns colegas de escola faziam jiu-jítsu no PAF. Já na primeira aula o Otávio adorou e não quis sair mais”, conta Rosângela. “Acho que o principal benefício do programa é a disciplina, além de ocupar o tempo desses jovens com algo nobre, pois brincar na rua hoje em dia representa, infelizmente, muitos perigos aqui no bairro”, completa a mãe de Otávio. 

Rosângela de Souza Santos, moradora de Nova Carapina, matriculou o filho Otávio Augusto, 12 anos, no jiu-jítsu e ele se apaixonou pelo esporte

O ganho em disciplina é um ponto em comum na opinião dos pais, mas o caso de Kátia Regina dos Santos, residente em Nova Carapina 2, é mais complicado: sua filha Kamilla, de 10 anos, possui déficit de atenção. E o jiu-jitsu tem gerado resultados notáveis para a jovem. “O esporte exige concentração. No jiu-jítsu, a Kamilla se esforça demais para se concentrar, e isso tem influenciado positivamente nos estudos e mesmo em casa. Se ela, que tem déficit de atenção, está evoluindo tremendamente na escola, imagine uma pessoa que não possui esse distúrbio? Eu recomendo o PAF sem pensar duas vezes!”, atesta Kátia. 

 

Kátia Regina dos Santos, residente em Nova Carapina 2, matriculou sua filha Kamilla, de 10 anos, e que sofre de déficit de atenção. De acordo com ela, a jovem teve um salto evolutivo nos estudos após ter começado a fazer jiu-jítsu

Julio Cesar Boa Morte, 9 anos, por sua vez, era considerado muito “atrapalhado” por sua mãe, Núbia Boa Morte. E a falta de concentração do menino também foi um agravante para a sua iniciação no jiu-jitsu. “Foram oito meses de adaptação! Pensei várias vezes em desistir, mas o professor Marcelo não deixava, falava que era assim mesmo, que uma hora ele se adaptaria. Pois bem, demorou muito, mas após a troca de faixa, o Julio Cesar simplesmente desabrochou! Ele ficou encantado com essa conquista pessoal que foi a troca de faixa, e hoje não quer mais largar o esporte. Foi uma mudança fenomenal na vida dele e na nossa também, pois seu comportamento em casa agora é mais centrado e, é claro, isso se reflete nos estudos”, destaca Núbia, com uma novidade: a caçula Ana Julia, de apenas três anos de idade, não vê a hora de poder participar (a idade mínima é de seis anos) e pede para ver todas as aulas do irmão, inclusive imitando as posições do jiu-jítsu. 

Núbia Boa Morte com os filhos Julio (9 anos) e Ana Julia (3 anos): a caçula não perde uma aula do irmão e não vê a hora de ter idade para poder começar

O Programa

O Programa Atleta do Futuro foi criado pelo Sesi Nacional no ano de 1991, inicialmente como uma parceria com a Unicamp (SP) chamada “Projeto Atleta do Ano 2000”. Em 1996, o programa se abriu para parcerias com prefeituras, clubes, empresas e associações em geral. Finalmente, em 2000, foi criada uma nova metodologia, batizada com o nome atual. Em 2008, o PAF chegou ao Espírito Santo, onde é oferecido atualmente em 11 unidades do Sesi-ES: Araçás (Vila Velha), Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Civit (Serra), Cobilândia (Vila Velha), Colatina, Laranjeiras (Serra), Linhares, Maruípe (Vitória), Porto de Santana (Cariacica) e São Mateus. O programa é gratuito e os pais interessados devem procurar uma das unidades citadas para inscrever seus filhos, estando sujeitos à disponibilidade de vagas nas modalidades escolhidas.

O PAF é também uma ótima oportunidade de envolver colaboradores, fornecedores, clientes e comunidade em atividades esportivas, ações de solidariedade e trabalho voluntário. Ao adotar o programa, as indústrias brasileiras reconhecem que têm papel fundamental na promoção da cidadania e na formação do caráter e dos valores das crianças e adolescentes que vão construir o futuro do país. 

Site do Programa Atleta do Futuro – Sesi Nacional: 

http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canal/atleta-do-futuro-home/

 

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