X Meeting de Líderes Industriais: “nos tornamos uma sociedade viciada em gastar o que não temos”, aponta William Waack

O jornalista e escritor William Waack analisou o cenário político brasileiro durante palestra no segundo dia do X Meeting de Líderes Industriais, promovido pelo Cindes. Waack criticou a visão distorcida da política a partir dos acontecimentos recentes do país. “As pessoas enxergam a política como algo sujo, não como sinônimo de esperança”, analisou.

“Os brasileiros veem a corrupção como o problema central do país, mas transformaram a política em sinônimo de crime organizado. Não basta aplaudir todo político que vai pararatrás das grades, temos um problema grave no funcionamento do sistema e no modelo de Governo que precisa ser revisto. Estamos caindo em armadilhas, acreditando em quem promete ‘chutar o pau da barraca’, enquanto o sistema é destruído”, criticou Waack.

Na análise do jornalista, a crise de representatividade do país tem causado desequilíbrio entre os poderes, motivados pelo clamor popular. “A greve dos caminhoneiros é um exemplo de revolta. E na ausência de soluções no Executivo e no Legislativo, decisões importantes estão recaindo sobre o Judiciário, gerando problemas de insegurança jurídica. É devastador não saber qual é a regra do jogo, estamos no fio da navalha”, alertou.

O nível de insatisfação, segundo Waack, é consequência do fracasso do Estado de bem-estar social projetado pela Constituição. “Estamos em uma crise distributivista: quebramos, não temos capacidade de financiar o Estado. O problema é que nos tornamos uma sociedade viciada em gastar o que não temos e tivemos um encontro inevitável com a crise fiscal. A batalha política reflete essa insatisfação acumulada”, revelou.

William Waack encerrou a apresentação defendendo o papel das lideranças e dos formadores de opinião no processo eleitoral. “Nossa maior crise é a falta de lideranças com visão e com capacidade de articulação. Não haverá solução possível sem que haja muitos perdedores. Devemos reconhecer que o momento atual é consequência dos nossos próprios erros se desejamos mudança”, enfatizou.

 

Texto por Rafael Porto com fotos de Alexandre Mendonça

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