Paulo Guedes e Bruno Funchal falam sobre recuperação da economia e reformas em Conselho Estratégico da Findes

A Findes promoveu nesta sexta-feira (18) uma reunião especial do Conselho Estratégico da Federação, que contou com a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário de Fazenda do Ministério, Bruno Funchal.

Eles falaram sobre o processo de ajuste das contas públicas do país, as reformas estruturantes, a recuperação da economia e a necessidade de reindustrialização do Brasil.

O Conselho Estratégico da Findes reúne as 32 maiores Indústrias do Estado, entre elas ArcelorMittal, Vale, Garoto/Nestlé, Petrobras, Suzano, Volare/Marcopolo, Café Cacique, Cofril, EDP Espírito Santo e Frigorífico Frisa.

A presidente da Findes, Cris Samorini, destacou, na abertura do encontro, realizado de forma virtual, que o objetivo do Conselho é contribuir na construção de uma agenda de desenvolvimento para a Indústria e a sociedade, com o objetivo primordial de atuar para aumentar a competitividade do setor industrial.

Também participaram da reunião o vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidente emérito da Findes, Léo de Castro, o chefe de Gabinete da Presidência da Findes, Leonardo de Paula, e o economista-chefe e diretor executivo do Ideies, Marcelo Saintive.

Presidente da Findes sugere que ES pode ser um case nacional na exploração do gás: Guedes destaca posição estratégica do Estado

Em sua apresentação, o ministro Paulo Guedes destacou que o Espírito Santo pode ter papel de destaque na retomada econômica e na reindustrialização do Brasil, e sugeriu uma parceria com o Estado do Rio de Janeiro.

A presidente da Findes observou: “Temos aqui no Espírito Santo uma distribuidora já aderente ao novo marco regulatório do gás. Gostaria de sugerir que o Estado possa liderar um case e inspirar o Brasil, com essa expectativa de termos gás mais barato e aumentar a competitividade da Indústria. Podemos prever um novo gasoduto ligando o pré-sal ao Espírito Santo”.

Guedes respondeu: “O Rio fez um marco regulatório do gás muito eficiente. A equipe econômica ficou super entusiasmada. O ideal é que o Espírito Santo trabalhasse em conjunto com o Rio, porque daí faríamos um corredor de reindustrialização que vai do Espírito Santo ao Rio, usando toda a infraestrutura comum. O gás tem que cair de 40% a 50% de preço, com a competição e com o seu aproveitamento, porque hoje ele é queimado. Temos que produzir os gasodutos, trazer para a costa e derrubar o preço. As pessoas me cobram porque o preço do gás não caiu ainda. Só foi aprovado o marco agora. Os investimentos vão começar. Vamos reindustrializar o Brasil em cima de energia barata, em cima de gás barato. E o Espírito Santo é o lugar ideal para isso, juntamente com o Rio. Vocês estão bem posicionados para fazer essa revolução”.

Cris Samorini destacou que o Espírito Santo já tem segurança jurídica no setor, com o Regulamento do Mercado Livre de Gás Canalizado, um conjunto de regras sobre o mercado que foi definido em parceria entre a Federação e o governo estadual.

“Já atuamos em parceria com o governo estadual e vamos atuar também com o Rio para atrair investimentos. Tenho dito que o Espírito Santo é o Estado mais atrativo para investimento em petróleo, gás e energia. O setor representa 29,3% do valor adicionado da Indústria e 8% do PIB no Espírito Santo”, disse Cris Samorini.

 

Crescimento Econômico

O ministro disse esperar que o país cresça 4,5% neste ano: “Estamos acelerando a vacinação. Só ontem foram 2 milhões de pessoas. Até meados de setembro todos terão recebido pelo menos a primeira dose. O setor de serviços poderá voltar com mais força. Estamos otimistas”.

“No primeiro ano o foco era o controle de despesas, o déficit previdenciário. Fizemos a reforma da previdência. Veio a pandemia, mas criamos os programas de preservação de empregos, que foi muito bem-sucedido, e o auxílio emergencial, para a proteção dos mais vulneráveis. Agora, já retomamos a agenda de reformas em ritmo acelerado.  A reforma administrativa já está lá, vamos encaminhar a tributária. Estamos tendo um grande aumento da formação bruta de capital fixo, com investimentos em estradas, ferrovias, portos. O ministro Tarcísio Freitas acaba de privatizar 22 aeroportos e seis terminais ferroviários. Vem aí o Porto de Santos. Vamos privatizar a Eletrobras e os Correios, para mobilizar investimentos. Vamos recuperar o crescimento em cima dos investimentos”, disse o ministro.

 

Parceria para reduzir o Custo Brasil

Cris Samorini destacou a parceria com o governo federal para a redução do Custo Brasil: “Temos atuado em conjunto com o secretário Jorge de Lima, o CEO do Custo Brasil, que nos ajudou a viabilizar esta agenda. Essa é uma das principais frentes de atuação da Federação”.

“Pensem em nós não como autoridades, mas como servidores. Estamos aqui para ouvir vocês: onde é que está pegando? Onde é o custo e o que podemos fazer? Essa mandala do Custo Brasil (com os 12 pontos que compõem o custo, como honrar tributos, abrir um negócio e empregar capital humano) é que vai ditar o nosso ritmo de abertura da economia. Não podemos abrir com juros muito altos e carga tributária muito alta. Essa desindustrialização do Brasil não foi acidental: foi resultado de políticas inadequadas. Não basta dar subsídios para meia dúzia de empresas. Isso não funcionou. Estamos aqui para escutar vocês”, disse o ministro Paulo Guedes.

 

Bruno Funchal destaca apoio do setor produtivo

“A sociedade tem um papel importante no direcionamento da agenda, para fazer as reformas andarem. Elas são fundamentais para criar um ambiente propício para evitar o voo de galinha e possibilitar o crescimento sustentável, com um ambiente de negócios cada vez melhor. Nosso foco é produtividade e reorganização do Estado”, destacou Bruno Funchal.

“Vocês, no Espírito Santo, sabem como é importante ter as contas equilibradas. O Brasil começou a se reorganizar em 2016, com o teto de gastos, e depois com a reforma da previdência. É importante preservar o teto porque ele dá uma previsibilidade da trajetória da despesa. Isso tem um impacto importante na percepção do risco e na taxa de juros”, disse o secretário de Fazenda, que também já atuou no governo do Estado.

O secretário apresentou gráficos mostrando que, em 2016, o déficit primário do governo chegou a -2,5% do PIB. Esse déficit veio caindo até chegar em -1,2% do PIB, em 2019, mas, com a pandemia, ele voltou a cair para -10% do PIB.

“Somente com os gastos para enfrentar a pandemia foram R$ 500 bilhões. Mas neste ano o déficit já deverá cair para -2,2%. Trabalhamos para que ele possa chegar em 2024 a -1,0%”, disse Bruno Funchal, explicando a relação entre o déficit, a dívida pública e a taxa de juros.

 

Indústrias devem investir para qualificar debate

O vice-presidente da CNI e presidente emérito da Findes, Léo de Castro, ressaltou o papel da Federação das Indústrias:

“Gostaria de lembrar a todos a evolução que a Federação tem tido ao longo dos anos, em especial agora, no primeiro ano da presidente Cris Samorini, com a ampliação do acesso ao nível ministerial do governo federal. Para o Espírito Santo é muito importante se conectar mais com a agenda federal, porque temos muitos projetos que impactam diretamente nas nossas indústrias e dependem de decisão federal, como essa proposta de criar um grupo de trabalho específico para olhar a questão do gás”.

Léo de Castro assinalou a importância da colaboração das indústrias:

“Precisamos disponibilizar recursos para que as ideias se tornem realidade. Gostaria de parabenizar a presidente Cris pela evolução e fazer uma convocação para que esse trabalho aconteça e as indústrias invistam nisso, para que a gente tenha resultado. Um resultado efetivo é a discussão sobre o Contorno da Serra do Tigre, em Minas. Nós saímos de uma posição de reclamar, de pedir, para uma posição de estudar e nos posicionarmos com conteúdo. Isso eleva o nível da discussão, muda o nível do diálogo e amplia o respeito com que passam a tratar nosso Estado e nossa Indústria. É importante que as indústrias participem economicamente, porque os estudos são caros. É fundamental essa cooperação de todos. A Federação é uma ferramenta para aumentar a nossa produtividade. Parabéns, Cris, pela iniciativa”.

A presidente da Findes mencionou a nova estrutura da Defesa de Interesses: “A gente estruturou fortemente esse eixo, com os Conselhos Temáticos, as Câmaras Setoriais, a área de infraestrutura, o CIN, o Fórum Capixaba de Petróleo, Gás e Energia. Essa agenda é central, além da produtividade, competitividade e inovação”.

 

Por André Hees

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