Uma pesquisa encomendada pela Câmara Setorial da Indústria do Vestuário aponta que 94% das empresas tiveram redução nas vendas, sendo que destas, 20% zeraram as vendas. O impacto tem como principal fator o cancelamento ou adiamento dos pedidos.
Segundo o presidente do Sinvesco (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Colatina) e conselheiro da Câmara, Paulo Roberto Almeida Vieira, o resultado negativo trouxe mudanças significativas no setor. “O impacto pesado sobre os resultados de produção e faturamento levou as empresas a negociarem com fornecedores, adiarem pagamentos de tributos/impostos, negociarem aluguel/condomínio, desenvolverem novos produtos e utilizarem nos canais de vendas. Além disso, 60% delas tiveram que realizar demissões. Outra medida para minimizar o impacto foi a adoção de férias coletivas e a redução da jornada de trabalho”, explicou.
O Estudo também aponta que apenas metade das empresas do setor têxtil tem a expectativa de realizar o pagamento dos salários de maio e junho integral e em dia. “A dificuldade de acesso ao crédito neste momento, impulsionou esse resultado. “São exigidas muitas garantias em um momento de incerteza econômica, além de taxas de juros altas. Por conta disso, as empresas já enfrentam grandes dificuldades, principalmente as micro e pequenas. Há conflitos entre o que o governo recomenda, e aquilo que os bancos praticam”, detalhou Paulo.
Diante da falta de acesso ao crédito, a pesquisa revela que 45,8% das empresas deixaram de pagar impostos e tarifas, 90% das empresas têm expectativa de redução no faturamento para o 2º semestre de 2020, comparando com o mesmo período em 2019. E para 76% das empresas a expectativa é que o faturamento do 2º semestre de 2020 tenha uma redução de no mínimo 41%, comparando com o mesmo período em 2019.
Essa expectativa está alinhada com o fechamento de empresas do setor, uma vez que os empresários acreditam que pelo menos 21,0% dos negócios serão descontinuados.
Para Paulo Vieira, a saída está em investimentos em marketing digital e desenvolvimento de novos modelos de negócios e produtos. “Neste momento, a Federação tem desenvolvido um papel fundamental, trazendo informações e ferramentas para apoiar as empresas em tomadas de decisão para tentarmos minimizar esses impactos, que atingem principalmente as micro e pequenas”, ponderou.
O empresário também cita como destaque a rota estratégica do setor do vestuário, produzida pelo Ideies, e que deve ser lançada em breve. “Ciente da importância de atuar agora para colher depois, a Findes construiu o Plano de Desenvolvimento Estratégico da Indústria do Espírito Santo 2035. Trata-se de um estudo que mostra quais os possíveis caminhos para potencializarmos o desenvolvimento do setor”.
“A pandemia mundial do coronavírus causou grande impacto na economia local e mundial e provocará transformações em modelos de negócios. Nosso objetivo é contribuir para superar esta crise e reconstruir a economia local”, finalizou Vieira.
Sobre a importância do setor
O setor, que engloba produtos têxteis, confecções e calçados, é historicamente importante para a economia capixaba e representa 11,2% do emprego industrial do Estado. Presente em quase todos os municípios do estado, gera 13.059 postos de empregos formais. É majoritariamente dominado pela força da mulher, compondo 65% do mercado. E, com 60,4% da força de trabalho entre 18 e 39 anos, se consolida como opção de primeiro emprego.
Sobre a pesquisa
A pesquisa realizada pela empresa POP (Premium Opinião Pública) teve como objetivo dentificar os impactos da pandemia, as medias adotadas e as expectativas das empresas do segmento. Participaram empresas do setor de vestuário no período de 12 a 20 de maio.
Confira a pesquisa na íntegra!
Por Cinthia Pimentel
