Industriais capixabas dão dicas sobre como aproveitar a sazonalidade dos empregos temporários no Estado
Mesmo com a economia do país ainda mostrando um cenário incerto, empresários apostam em tempos melhores a partir de 2017, conforme tem demonstrado o Índice de Confiança do Empresário Industrial que, mesmo tendo registrado ligeira queda em outubro, se mantém no patamar considerado como “otimista” nos últimos seis meses. No Espírito Santo, onde a indústria possui a maior participação no PIB (Produto Interno Bruto) entre todos os Estados brasileiros – 40,5% do PIB capixaba provêm da indústria -, sempre há a expectativa por contratações temporárias em alguns setores, em função de demandas pontuais e sazonais ao longo do ano. O contrato temporário pode servir de oportunidade para muitos trabalhadores em busca de recolocação no mercado de trabalho ou mesmo para o seu primeiro emprego.
De acordo com o diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), Dória Porto, a indústria capixaba costuma realizar contratações temporárias nos setores que produzem bens de consumo, duráveis e não duráveis. “Os bens duráveis, cuja demanda aumenta em certos períodos do ano aqui no Espírito Santo, são os chamados produtos de ‘linha branca’, como eletrodomésticos e móveis. Há também vagas desse tipo nas indústrias gráficas, por conta das encomendas de empresas e instituições relativas a agendas, brindes e demais acessórios para escritório nos finais de ano. Além desses, há grande procura por alimentos e bebidas em ocasiões tradicionais do calendário nacional. O setor do vestuário também concentra muitas contratações temporárias para abastecer o varejo nas vendas de final de ano e verão”, explica o executivo.
Dória Porto lembra que segmentos fortes da indústria capixaba, como o extrativo e o de celulose, por exemplo, dependem mais da demanda do mercado internacional de commodities e, por isso, não é possível afirmar em qual período do ano elas costumam contratar temporariamente.
A dica para quem quer buscar um emprego temporário é ficar atento à movimentação das datas comemorativas. “Nas semanas ou meses – dependendo do porte da indústria – que antecedem certas datas comemorativas ou estações do ano é que surgem oportunidades de empregos temporários. Mesmo em crise, o consumidor sempre dá um jeito de comprar presentes em datas como Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal, e até mesmo em maio, o chamado ‘mês das noivas’, em que tradicionalmente acontecem mais casamentos”, afirma o diretor.
Empresários comentam sobre os períodos de contratação temporária
“Especificamente no Espírito Santo, por ser um Estado com uma extensa faixa litorânea, o verão concentra uma alta na venda de sorvetes e picolés, que é potencializada também pela vinda de turistas para os nossos balneários. As contratações temporárias costumam acontecer entre setembro e outubro, para que os estoques nos meses de alta temporada – janeiro, fevereiro e março – estejam abastecidos”
Vladimir Rossi – presidente do Sincongel (Sindicato das Indústrias de Alimentos Congelados e Sorvetes do Espírito Santo)
“Normalmente, de 30 a 60 dias antes do último mês do ano (dezembro), é que podem ocorrer contratações temporárias nas indústrias gráficas. Empresas e instituições costumam dar brindes de final de ano, como agendas, calendários e acessórios de escritório, e por isso a produção se intensifica, carecendo de contratações para atender a esse período específico”
João Baptista Depizzol Neto – presidente do Siges (Sindicato das Indústrias Gráficas do Espírito Santo)
“Os meses que antecedem a Páscoa concentram as contratações temporárias no setor de alimentos derivados do cacau, como chocolates e bebidas achocolatadas. Esse aumento na demanda também pode se estender para os meses de inverno, pois é costume da população capixaba consumir mais chocolates e seus derivados nessa época”
Gibson Barcelos Reggiani – vice-presidente da Findes e presidente do Sindicacau (Sindicato da Indústria de Produtos de Cacau, Balas, Doces e Conservas Alimentícias do Estado do Espírito Santo)
“O setor moveleiro capixaba costuma ter um aumento nas encomendas nos meses de setembro e outubro, visando a atender ao consumidor que usa o 13º salário no final do ano para comprar ou renovar a mobília de suas residências. Portanto, as contratações temporárias ocorrem nesse período, que é o começo do segundo semestre de cada ano”
Luiz Rigoni – presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira da Findes
“O setor do vestuário na verdade atende a toda uma cadeia que vai do chão de fábrica ao consumidor final. E são os hábitos de consumo do capixaba que ditam o ritmo de contratações temporárias, que ocorrem tradicionalmente entre os meses de agosto e setembro, para atender à demanda do varejo, que por sua vez compra bastante das indústrias visando à chegada do verão. A moda praia, bem como as roupas mais leves e acessórios como bonés e chinelos, têm o pico de sua comercialização entre dezembro e março. É importante frisar que, mesmo num momento de crise como o atual, o setor do vestuário capixaba comercializa para todo o Brasil e mesmo para fora do país, o que mantém essa demanda por funcionários temporários. Superando esse momento difícil de nossa economia – e eu tenho certeza de que a partir de 2017 o panorama será melhor -, aqueles funcionários que se destacam acabam sendo naturalmente efetivados nas empresas”
José Carlos Bergamin – presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário da Findes
Por Fabio Martins