Indústrias também sofrem com alta na conta de energia, que gera impacto negativo na produção
Cerca de 80% das empresas industriais capixabas utilizam a eletricidade como sua principal fonte de energia. Porém, praticamente metade dessas empresas (49%) sofreram prejuízos por falhas no fornecimento desse insumo no ano de 2015. Além disso, a elevação na conta de energia elétrica provocou impactos negativos nos custos de produção de 68% dessas empresas. É o que diz a Sondagem Especial Indústria e Energia, estudo realizado junto a 89 empresas capixabas (25 de pequeno porte e 64 de médio e grande portes) pelo Sesi-ES e Senai-ES, por meio do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), sob coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Download do estudo Sondagem Especial Indústria e Energia
“Um insumo de grande importância na indústria é a energia elétrica, fato constatado nessa pesquisa: 80% das empresas industriais pesquisadas a utilizam como principal fonte de energia. Sendo assim, essa fonte é imprescindível para a competitividade das indústrias do Espírito Santo. Contudo, essas empresas ainda sofrem prejuízos causados pelas falhas frequentes no fornecimento, situação que atinge quase 50% delas.”, observa o diretor executivo do Ideies, Antonio Fernando Doria Porto.
“Durante o ano de 2015, dificultando ainda mais esse quadro, o custo da energia elétrica se elevou muito. O aumento das tarifas de energia impactou nove em cada dez indústrias capixabas, influenciando significativamente o custo total de produção de 68% delas”, completa Doria.
De acordo com a pesquisa, as indústrias de extração e transformação registraram a maior parte dos problemas no fornecimento de energia elétrica, com 31% das empresas alegando altos prejuízos por conta dessa situação. Uma das consequências, de acordo com diretor executivo, é a elevação do custo de produção.
Indústrias precisam relatar perdas
De acordo com o presidente do Conselho de Energia (Conerg) da Findes, Nélio Rodrigues Borges, é fundamental que as indústrias capixabas produzam relatórios sobre as perdas provocadas com as falhas na transmissão de energia, pois, dessa maneira o Conselho, num primeiro momento, pode tomar providências junto às distribuidoras e, em seguida, junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que as medidas cabíveis sejam aplicadas.
“A qualidade na transmissão de energia afeta diretamente a competitividade das indústrias, porque já pagamos um valor muito alto na conta e as falhas geram ainda mais prejuízos. Portanto, esse estudo do Ideies somaria às queixas formalizadas pelas indústrias que levaremos para as distribuidoras e para a agência reguladora (Aneel). As empresas precisam produzir relatórios mostrando seus prejuízos a cada queda na transmissão já que a produção é paralisada nessas horas e a retomada é, muitas vezes, um processo lento e complexo.”, explica Nélio.
O presidente do Conerg aponta alguns aspectos críticos na geração de energia elétrica para as indústrias capixabas. “Os piques de energia acontecem, muitas vezes, pela sobrecarga no sistema. Ou seja, precisamos da ampliação no sistema de geração de energia elétrica no Espírito Santo. Outro problema sério acontece na região norte/noroeste do Estado, principalmente nos municípios de Colatina e de Linhares. Naquela região, que concentra grandes indústrias, as falhas na transmissão são provocadas na geradora, em Furnas, que fica no Estado de Minas Gerais”, diz Nélio.
A ação do Conerg, em conjunto com a colaboração das empresas que relatam seus prejuízos financeiros com as falhas, gera resultados, afirma Nélio Rodrigues Borges. “Tivemos problemas semelhantes na região central do Espírito Santo três anos atrás. Desde o ano passado, as falhas foram bastante reduzidas, em razão de encaminhamos a demanda para as distribuidoras e para a Aneel. Portanto, o próximo passo do Conerg é quantificar esses prejuízos para poder reivindicar melhorias.”, finaliza.
Por Fabio Martins