O Espírito Santo sofreu prejuízos intangíveis com a greve dos policiais militares neste mês. Afora o expressivo número de mortes, os dias de medo trouxeram consigo danos incalculáveis às famílias e à economia. Maior gravidade, contudo, terá o registro dos fatos em nossa história: uma mácula que contrapõe a trajetória duramente percorrida nos últimos anos, mas não nos fará retroceder. Faz-se necessário lembrar que o Espírito Santo, embora seja pauta recente na mídia nacional em razão do ajuste fiscal promovido em terras capixabas – uma exceção no contexto brasileiro –, há muito vem construindo caminhos para recuperar perdas recentes, a exemplo do Fundap.
Se o Brasil beirou o precipício e embrenhou-se em uma das maiores crises de sua história, atingindo o aviltante número de 12,3 milhões de desempregados, muito se deve à ausência de planejamento e pulso firme no controle dos gastos em tempos de bonança. Ao contrário do Espírito Santo, que ampliou sua capacidade de investimento, abriu portas para novos empreendimentos e ergueu mecanismos estruturados de sustentação à economia, nosso país apostou em medidas de cunho ideológico. Desprezando de forma irresponsável os sinais de problemas complexos, o último Governo Federal teve fim trágico, pressionado pela crise econômica que criou.
Nos últimos dias, todos os setores da economia capixaba se viram diante de um cenário surreal: sob pressão da violência e da irresponsabilidade, fechamos as portas e amargamos prejuízos diários – cada dia parado representa, em média, 5% da produção de uma empresa e entre os muitos eventos importantes cancelados está a Vitória Stone Fair, maior do setor na América Latina, presente no roteiro mundial de feiras. Fornecedores e compradores de diferentes cantos do mundo enviaram mensagens, incrédulos diante da situação. Mesmo sustentando discurso estritamente submisso à lei, nosso Estado se tornou alvo de críticas injustas. Faltou sensatez aos que defendiam uma resolução simplista.
O Fórum de Entidades e Federações (FEF) – entidade que congrega Findes, Faes, Fecomércio, Fetransportes e ES em Ação – foi um dos atores envolvidos no processo de reorganização do Estado nos últimos dez anos. Temos fé no potencial do povo capixaba e não aceitaremos ver ruir a reputação erguida a muitas mãos, tampouco permitiremos que nossa terra e nossa economia sejam desacreditadas apenas por um episódio triste. O Estado tem forças para reagir – como mostrou ao longo desta semana – e em breve voltaremos a receber visitantes encantados com nossa resiliência, reaquecendo a economia e gerando empregos. O que nos resta, no momento, é trabalhar e confiar.
Marcos Guerra é coordenador do FEF e presidente do Sistema Findes