Texto originalmente publicado no jornal A Gazeta, na editoria de Opinião, no dia 11 de dezembro de 2015.
*Marcos Guerra é presidente do Sistema Findes
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Estímulos à indústria
Estamos no limite. Não há mais o que discutir com o Governo Federal sobre as urgências do país. Chegamos ao fim de mais um ano com a certeza de que andamos em círculos, sem avançar em direção à solução das demandas históricas da iniciativa privada. Diferentes diagnósticos foram elaborados e apresentados aos poderes constituídos, mas muito pouco – ou quase nada – saiu do papel e ganhou o centro da pauta de quem comanda o país.
A pergunta é mais que pertinente: há uma pauta estabelecida em favor do desenvolvimento econômico do Brasil? Falta visão empreendedora à presidente Dilma Rousseff, ao Congresso e aos demais poderes constituídos. Engatinhamos na modernização de nossa legislação trabalhista – a exemplo da morosidade com que o Senado caminha com o PLC 30/2015, que trata de terceirização –, enquanto países emergentes eliminam entraves e avançam no cenário global.
Nem mesmo o provável recuo de 3% no Produto Interno Bruto, pior queda desde o confisco realizado em 1990 – que resultou em recessão de 4,3% –, parece tirar o Governo da inércia. A atual gestão teve a ousadia de enviar um orçamento deficitário ao Congresso, sem pensar na repercussão da medida entre investidores e no imediato rebaixamento da nota de crédito do país. Uma sucessão de erros duramente criticados por especialistas e cidadãos.
A indústria nacional não aguenta mais tamanho descaso. O setor de transformação, responsável pela produção de maior valor agregado, chegou a representar 24,9% do PIB na década de 80; em 2016, se nada for feito, poderá significar menos de dois dígitos da nossa economia. A produção física amarga decréscimo de 7,8% de janeiro a outubro, segundo o IBGE. Some-se a tudo isso a alta dos custos industriais, as variações do dólar e a volta da inflação.
O cenário estimula o desemprego, afeta a confiança da iniciativa privada e compromete novos investimentos. Para agravar a situação, o Brasil não está buscando novos acordos de livre comércio, como a Parceria Transpacífico, permanecendo refém das variações de preços das commodities no mercado global. Estamos à margem das cadeias globais de valor, onde há grandes oportunidades de negócios e novas fontes de renda para os brasileiros.
É preciso desburocratizar o país, dando eficiência e celeridade aos processos públicos. Nenhuma nação do mundo será relevante sem uma indústria forte e competitiva. O Sistema Findes tem feito sua parte, investindo na melhoria da educação e apresentando bons projetos junto aos poderes constituídos. Só com um setor produtivo pujante veremos nosso país crescendo novamente, com empregos e salários dignos para todos os brasileiros.