07/11/2016 – Identidade cultural em debate na Findes

O Circuito de Capacitação do Setor do Vestuário trouxe o especialista Carlos Alberto Piazza para discutir sobre a importância do fator cultural como ferramenta de competitividade para as empresas do setor criativo

Nos segmentos da economia criativa, o fator cultural adquire enorme importância como ferramenta de competitividade dos empreendedores. Contudo, muitos empresários não fazem uso correto desse recurso, seja por não acreditar no potencial de sua própria cultura, seja por querer copiar padrões culturais de outros povos e regiões. Nesse sentido, a palestra “Identidade cultural – processo de construção e definição de um conceito”, ministrada pelo especialista em Marketing Digital, Publicidade e Sustentabilidade Carlos Alberto Piazza Timo Iaria na noite dessa segunda-feira (07), no Plenário do Edifício Findes, em Vitória, foi esclarecedora para o público presente. O evento fez parte de mais uma rodada de apresentações promovida pelo Circuito de Capacitação do Setor do Vestuário, ação coordenada pelo IEL-ES, em parceria com a Câmara da Indústria do Vestuário da Findes, e que vem acontecendo desde o mês de julho deste ano, encerrando-se em dezembro.

“Acabou a era da ditadura das tendências”, disse Piazza, logo no início de sua fala. Diante de uma plateia bastante diversificada e formada não somente por empresários do vestuário, mas também de marketing, mídias sociais, acessórios, jornalismo e até gastronomia, o palestrante ainda completou: “Hoje há uma diversidade muito grande nas formas de expressão. Ao longo do tempo, percebemos que a identidade cultural se expandiu, mas ainda é muito difícil construir e tornar forte essa mesma identidade, pois dependemos não somente de como as pessoas se expressam no dia a dia, mas fundamentalmente de como elas reagem a um produto no mercado”.

Carlos Alberto Piazza traçou um panorama completo sobre o tema “identidade cultural”, partindo desde o seu conceito básico até a aplicação prática para o público consumidor. “Num cenário de transformação à velocidade da luz, como o atual, com as mídias digitais invertendo os papéis de outrora, onde o público consumidor assumiu de vez um protagonismo que era anteriormente das empresas, é fundamental que se respeite a essência das pessoas, o ambiente e a cultura em que elas foram formadas como indivíduos. Para criar produtos novos e bem-sucedidos no mercado baseado na economia criativa, aquela que trabalha com as emoções, e não somente com a utilidade prática do produto, é necessário que não se subvertam os valores com os quais o indivíduo formou o seu caráter, e isso se baseia na identidade cultural que esse mesmo indivíduo possui”, explicou o palestrante.

De acordo com Piazza, as chamadas “hierarquias de consumo” provêm da cultura enraizada no seu público-alvo, e trabalhar em cima dessa identidade cultural para provocar emoções além da necessidade básica de se vestir é fundamental para o sucesso de uma marca que atua no segmento de economia criativa. “Alguns valores que o indivíduo possui são imutáveis, mas suas emoções, não. Por isso é que a emoção é uma experiência que está acima do conceito de produto. Se você não tem uma ideia muito forte para a sua marca, as pessoas não permanecerão com você por muito tempo. Elas não querem apenas um produto, mas, sim, experiências. É por isso que algumas marcas de roupas, acessórios e mesmo de tecnologia não possuem consumidores, mas sim verdadeiros fãs”, concluiu.

“Eu participei de praticamente todas as capacitações promovidas pelo Circuito. Acho que são uma excelente fonte de informação, pois vivemos uma crise em nossa economia e absorver conhecimento para a evolução de nosso negócio é fundamental. Sobre o meu empreendimento, quem criou o conceito da minha marca fui eu, pois também sou artista plástica. E a capacitação de hoje é importante, porque vou me aprofundar na questão da sua identidade cultural. Eu preciso estar atualizada com o que o meu público-alvo anseia. ”
Vera Colodetti – empresária, da marca Surreal

“Como minha empresa trabalha com ilustração e estamparia, que por sua vez vão para acessórios como panos, echarpes, produtos de mesa e afins, é necessário que estejamos sempre atentos às tendências do mercado. Eu também participei de todas as capacitações promovidas neste ano pelo IEL-ES para o setor do vestuário. Gosto de saber para aonde o mundo está caminhando, pois sabemos que os modelos de negócios se saturam mais rápido, e precisamos nos reciclar constantemente. Com isso, podemos nos tornar uma empresa diferenciada, por conhecermos melhor nossa identidade cultural no sentido de nos adaptarmos aos anseios do consumidor final”.
Mônica Boiteuax – empresária, da marca Identidade Cultural

“Cada vez mais as economias que são definidas com ‘criativas’ agregam valor aos seus produtos considerando conteúdos de natureza emocional. Ou seja, aquela ideia do produto que cumpre sua função básica – no caso do vestuário, a de vestir a pessoa – não é suficiente para produzir a devida riqueza que essas economias precisam para sobreviver nesse ambiente de excesso de oferta. O vestuário tem por excelência essa carga cultural, de trabalhar com as emoções do indivíduo, que são, na verdade, as motivações para o consumo neste segmento. Portanto, uma marca que trabalha muito bem a sua identidade cultural acaba fortalecendo o vínculo com o seu público. Se você fortalece um conceito e cativa o consumidor pela emoção que provoca nele, naturalmente o seu produto se destacará dos demais que são ‘semelhantes’ em sua função, mas que são inferiores em seu conceito. Particularmente no Espírito Santo, um Estado que não possui linhas de produção de vestuário em larga escala, concentrando sua indústria em micro e pequenas empresas, o processo de fortalecimento de nossa identidade cultural é fundamental para o sucesso de uma marca. É, na verdade, uma condição de sobrevivência, uma necessidade estratégica. Num mundo conectado virtualmente como o atual, o potencial de nossas marcas é imenso com o uso de ferramentas digitais de divulgação. Temos um fator cultural muito forte e isso vale não somente para o setor do vestuário, mas também para todos os segmentos da economia criativa”.
José Carlos Bergamim – presidente da Câmara da Indústria do Vestuário da Findes

Por Fabio Martins

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