Senai Vila Velha vai receber seletiva da WorldSkills

De 08 a 12 de agosto, o Senai Vila Velha vai sediar a bateria de provas da ocupação Robótica Móvel. Os testes selecionarão os representantes do Brasil na 44ª WorldSkills, a olimpíada internacional de profissões técnicas, marcada para outubro de 2017, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Nesta etapa em Vila Velha, 22 jovens de diferentes cidades brasileiras estarão em busca da medalha. Nas provas, eles serão desafiados a executar tarefas do dia a dia do trabalho, dentro de prazos e padrões internacionais de qualidade. Aqueles que conseguirem os melhores desempenhos seguirão para a fase de preparação para o torneio internacional.

Esta é a primeira vez que os competidores são escolhidos em provas seletivas realizadas em várias cidades. Nas edições anteriores da competição internacional, os brasileiros eram selecionados na Olimpíada do Conhecimento, o torneio de educação profissional promovido a cada dois anos pelo Senai.

O novo formato de seletivas tem o objetivo de aumentar a visitação aos locais das provas e apresentar os cursos do Senai para um maior número de pessoas, bem como as profissões da indústria e as oportunidades oferecidas pela educação profissional para trabalhadores e empresas.

Educação profissional: uma saída para a crise

“Jovens que apostam neste momento em educação profissional terão um diferencial em sua formação quando o crescimento econômico for retomado e o país voltar a gerar empregos”, aponta o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. Em entrevista, ele afirma que o ensino técnico amplia as chances de sucesso para quem deseja se inserir no mundo do trabalho e quer construir uma carreira profissional sólida. Lucchesi avalia ainda o atual cenário em setores que têm gerado oportunidades mesmo diante da crise. Confira:

Como a educação profissional pode ajudar o jovem, que faz parte do segmento mais afetado pelo desemprego neste momento?

Investir em educação profissional é uma estratégia muito importante para uma pessoa que perdeu o emprego se requalificar ou para um jovem que quer trabalhar com a carteira assinada. A educação profissional amplia as oportunidades de inserção no mercado de trabalho do jovem, que tem dificuldade em conquistar seu primeiro emprego. No Brasil de hoje nós temos 11% de desemprego na população aberta e quando você analisa os dados relativos aos jovens, percebe que normalmente o percentual é mais que o dobro disso: vai estar acima de 26%, o que é muito grave. Para alguns deles, essa inserção no mercado de trabalho pode ser o único passaporte para a continuação dos estudos, porque assim terão os recursos necessários para pagar a universidade e dar continuidade à sua formação. O jovem pode usar o ensino técnico para iniciar um projeto de vida com uma profissão já definida. Se ele é um técnico em Mecânica, pode fazer um curso de tecnólogo em Mecânica e depois um bacharelado em Engenharia. Além disso, entre dois indivíduos com o mesmo nível de escolaridade, se um deles tem um ano de educação profissional, ele tem 15% a mais de renda. Se essa educação for do Senai, são 24% a mais de renda, o que não é trivial. Várias ocupações técnicas competem muito bem com formações de nível superior. A educação profissional é algo que auxilia bastante os projetos individuais da juventude, tem um papel de dar mais oportunidade para os jovens, fazendo do Brasil um país mais justo.

Com um curso técnico, os jovens podem se preparar, por exemplo, para buscar vagas em empresas que atualmente dão ênfase ao mercado externo?

O mercado exportador vai exigir eficiência, competitividade, e um dos fatores que terá forte impacto na competitividade das empresas é a produtividade do trabalho. As empresas que querem participar de nichos do mercado internacional terão que buscar processos produtivos que sejam mais eficientes. Certamente, essa busca vai recondicionar os requisitos de formação de mão de obra e as empresas devem procurar uma força de trabalho mais bem qualificada para operar plantas mais modernas, mais intensivas em tecnologias, o que deve criar oportunidades para técnicos qualificados. À medida que as empresas estão se modernizando para participar do mercado externo, evidentemente precisarão de trabalhadores mais qualificados para competir com os trabalhadores estrangeiros. O jovem, ao buscar uma formação técnica, pode se diferenciar nesse mercado.

Quais são as ocupações que se beneficiariam mais com esse olhar voltado para a exportação?

Com novas oportunidades em nichos mais intensivos em tecnologia, seguramente as ocupações transversais terão um papel preponderante, porque não estão presas a um único setor, servem para várias atividades e não ficam vinculadas à dinâmica do ciclo econômico de cada setor, que combina períodos de crescimento com outros de estagnação ou redução das atividades. A automação industrial é um exemplo. As atividades transversais tanto asseguram a manutenção dessas pessoas no trabalho – por serem mais produtivas, em razão de uma formação mais abrangente – quanto aceleram o tempo de requalificação em caso de dispensa, porque elas têm mais opções de se vincular às oportunidades existentes.

Pesquisa da CNI mostra que os empresários consideram a qualidade da mão de obra como um dos principais obstáculos ao aumento da produtividade. Como isso ocorre?

Nós precisamos de cinco trabalhadores para ter a mesma produtividade de um trabalhador norte-americano, e isso afeta a competitividade das empresas. A produtividade do trabalho é um indicador-síntese. Vários fatores concorrem para ele: o padrão técnico da firma, os salários, a dinâmica do mercado, tudo isso vai influir na produtividade do trabalho. Mas, em longo prazo, há um consenso de que a produtividade é função da educação, regular ou básica, e da educação profissional. Temos baixa qualidade da educação regular e um pequeno contingente da população que cursa o ensino técnico. Nós sabemos fazer uma educação profissional de excelência, o resultado da WorldSkills (de 2015, quando o Brasil ficou em primeiro lugar) demonstra que o país tem uma educação profissional de excelência, sobretudo a que é praticada pelo Senai. Mas a abrangência disso, no estoque da população, ainda é pequena. Temos hoje algo como 11% dos jovens entre 15 e 17 anos que cursam a educação profissional junto com educação regular, enquanto a média nos países desenvolvidos é acima de 50%. Então, é claro que isso se configura em fator de maior vantagem competitiva para aqueles países, porque eles vão ter um mercado de trabalho mais balanceado. Nós precisamos corrigir essa deficiência. A educação profissional é uma agenda importante, estratégica para o Brasil. Traduz-se em melhoria da produtividade do trabalho, em maior competitividade das empresas, maior condição de geração de emprego, de riqueza, mais oportunidades para a juventude, tornando o país mais equânime.

A educação profissional pode ajudar o Brasil a enfrentar melhor a crise econômica?

O ciclo educacional é mais longo do que o econômico, os resultados são mais lentos mas, seguramente, à medida que ampliarmos a educação técnica no Brasil, esse será um fator central de competitividade – uma vez que não teremos os estrangulamentos na oferta de pessoal técnico qualificado – e isso vai se traduzir em uma situação mais favorável para a nossa recuperação econômica. De maneira clara, com um trabalhador mais qualificado, as empresas teriam melhores condições de se ajustar à crise, porque teriam um custo de produção mais baixo.

Por Evelyn Trindade

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