05/07/2016 – Impostômetro registra R$ 1 trilhão com atraso pela primeira vez

Impostômetro registra R$ 1 trilhão com atraso pela primeira vez  

Segundo estudo divulgado pela CNI, um produto fabricado no Brasil é, em média, 34,2% mais caro do que um similar importado 

O Impostômetro localizado em frente à Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) registrou a marca de R$ 1 trilhão às 13h30 desta terça-feira (05). Neste ano, o painel exibiu o total de tributos no país com seis dias de atraso em relação a 2015, quando o valor foi atingido na data recorde de 29 de junho. Desde que chegou a R$ 1 trilhão pela primeira vez, em 2007, o Impostômetro nunca havia diminuído seu ritmo de arrecadação. 
  
O montante representa o total de impostos municipais, estaduais e federais pagos no país desde o dia 1º de janeiro, calculados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Para o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, a queda revela o peso excessivo da carga tributária na indústria nacional, que vem perdendo competitividade, participação no PIB e afetando o nível de emprego no país. 
  
“Enquanto a indústria enfrenta um momento desafiador, é triste pensar que o Governo Federal falhou durante anos na aplicação destes recursos, com baixa qualidade em serviços básicos, como saúde, educação e segurança. Para corrigir seus próprios erros, aumentou tributos e repassou essa conta para a população, que sofre com o péssimo retorno. No Espírito Santo, por exemplo, a cada R$ 100 que os capixabas recolhem para Brasília, somente R$ 37 retornam em investimentos e recursos. Ninguém aguenta mais”, argumentou Guerra. 
  
Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a carga tributária nacional é a maior entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a maior da América Latina e uma das 30 maiores do mundo. O peso colocado sobre os ombros da população impressiona. “Um produto simples, como uma garrafa de água mineral, traz embutidos 44% de impostos. É absurdo”, critica o primeiro vice-presidente da Findes, Gibson Reggiani. 

Na indústria, o custo de produção sofre influência direta da alta dos tributos. Segundo estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), um produto fabricado no Brasil é, em média, 34,2% mais caro do que um similar importado. Desse total, 15,5 pontos percentuais referem-se apenas ao custo da burocracia tributária do país. Para piorar, a cada dia, 46 novas normas são criadas, exigindo 2.600 horas de trabalho por ano apenas para pagar impostos – em outros países emergentes, a média é de 227 horas.

Confira alguns dos itens básicos do cotidiano e sua carga tributária

Por Rafael Porto

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