Um terço da indústria brasileira usa mais de dez técnicas de produção enxuta, informa CNI

Pesquisa mostra que há espaço para ampliar a utilização das melhores práticas de gestão nos processos produtivos. Isso é decisivo para aumentar a produtividade e a competitividade das empresas

 

A indústria brasileira pode avançar no uso das técnicas de produção enxuta, que são decisivas para melhorar a gestão, reduzir desperdícios e aumentar a produtividade. Atualmente, um terço (34%) utilizam de 10 a 15 ferramentas da manufatura enxuta. Outras 39% usam de quatro a nove técnicas. Mas, quase um terço (27%) aplicam até três das 15 principais técnicas de manufatura enxuta. Dessas, 8% não utilizam nenhuma das ferramentas e 19% aplicam de uma a três técnicas. As informações são da Sondagem Especial Manufatura Enxuta na Indústria de Transformação Brasileira.

Elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a pesquisa ouviu 2.338 indústrias de transformação em todo o país, das quais 913 são pequenas, 883 são médias e 542 são de grande porte, para identificar a adesão das empresas à 15 técnicas de produção enxuta. “Diante do desafio da Indústria 4.0, a melhoria da gestão nas empresas se torna ainda mais relevante, pois é essencial eliminar perdas e enxugar processos”, afirma Samantha Cunha, economista da CNI responsável pela sondagem.

O levantamento mostra que a falta de conhecimento das técnicas, o alto custo de implantação e a falta de trabalhadores qualificados são os principais obstáculos para a implementação da manufatura enxuta na indústria. Também conhecida como Sistema Toyota de Produção, a manufatura enxuta abrange as melhores práticas de gestão aplicadas em processos produtivos em todo o mundo.

Conforme a pesquisa, poucas indústrias usam as técnicas de manufatura enxuta em todos os processos da empresa. Nesse caso, o percentual de indústrias de transformação que empregam 10 ou mais técnicas cai de 34% para 9%. E o das que usam até três técnicas sobe de 27% para 61%, sendo que 33% não empregam nenhuma técnica.

O levantamento mostra ainda que as pequenas indústrias são as que menos usam as técnicas de manufatura enxuta. Quase metade (49%) das empresas de pequeno porte utilizam até três técnicas. Esse percentual cai para 14% entre as grandes empresas. Apenas 13% das pequenas indústrias usam dez ou mais técnicas, número que sobe para 50% entre as empresas de grande porte.

 

“Os resultados mostram a importância da continuidade do programa Brasil Mais Produtivo, uma parceria do governo federal com o SENAI, que já atendeu 3 mil empresas e resultou em ganho médio de produtividade de 52%”, afirma o gerente-executivo de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca.

 

INTENSIDADE TECNOLÓGICA – O uso das ferramentas e técnicas de manufatura enxuta é maior nos setores de média-alta intensidade tecnológica. Na indústria de veículos automotores, 69% das empresas entrevistadas aplicam de 10 a 15 técnicas. No setor de equipamentos de informática e produtos eletrônicos, o percentual é de 50%. Entre as indústrias de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, 48% das empresas utilizam de 10 a 15 ferramentas.

“Esses setores têm em comum processos produtivos caracterizados pela descontinuidade, ou seja, divididos em diferentes etapas, como fabricação, usinagem, montagem, etc. Com a maior pulverização da produção, a atenção dada pela empresa à gestão tende a aumentar”, observa a pesquisa. Nos setores de média-baixa intensidade tecnológica, o número de empresas que usam de 10 ou mais técnicas fica próximo de 20%. Alcança 19% no setor de alimentos, 15% na área de biocombustíveis e 12% entre as indústrias de produtos de madeira.

No ano passado, as duas técnicas mais utilizadas pela indústria brasileira foram o Trabalho Padronizado, citado por 81% das empresas, e o Programa 5 S, mencionado por 74% dos entrevistados. As duas ferramentas ajudam a eliminar perdas por movimentos desnecessários e por espera. Em seguida, com cerca de 60% das respostas, aparece a Gestão Visual e o Mapeamento do Fluxo de Valor, técnicas de comunicação visual que auxiliam a gestão. A técnica Kaizen, citada por 56% das empresas, que aparece em quarto lugar, busca a melhoria contínua dos processos e a eliminação de perdas.

Na prática, as empresas aplicam técnicas de manufatura enxuta para reduzir as perdas e aumentar a produtividade. Em primeiro lugar na lista dos motivos, com 63% das assinalações das empresas que usam pelo menos uma das técnicas, aparece o combate ao desperdício, dos defeitos e do retrabalho. Em segundo lugar, com 59% das respostas, os empresários citam o aumento da produtividade. Em terceiro lugar, com 44% das menções, está o aumento da qualidade dos produtos e serviços.

Além disso, os empresários também citaram a melhoria da segurança e da ergonomia do trabalhador (17%), a estabilidade do processo produtivo (17%) e o aumento da flexibilidade da produção (12%), como fatores que levaram ao uso das técnicas de manufatura enxuta.

Representação visual, que auxilia na identificação de perdas nos fluxos de materiais, pessoas e informações.

Cinco conceitos para melhorar o ambiente de trabalho (sensos de: utilização; organização; limpeza; padronização e disciplina).

Busca a melhoria contínua dos processos e a eliminação de perdas.

Padronização de atividades ou procedimentos dos trabalhadores, contribuindo para eliminar as perdas por movimentos desnecessários e por esperaento.

Nivelamento do tipo e da quantidade de produção dentro de um período determinado, contribuindo para reduzir estoques de matéria prima e de produtos acabados.

Empregado para “puxar” a produção a partir da demanda do mercado, contribuindo para eliminar perdas por superprodução e por transporte em excesso.

Visa reduzir o tempo de setup (tempo de preparação das máquinas), contribuindo para a redução de estoques e o aumento da flexibilidade da produção.

Ferramenta gráfica que auxilia a distribuição de carga de trabalho entre os operadores em uma linha de produção, com base no takt time (isto é, a produção acompanha a demanda)

Mudança de layout para, por exemplo, eliminar perdas por movimentação interna de materiais.

Técnica de comunicação visual que permite, por exemplo, comunicar procedimentos de trabalho padrão e indicadores de desempenho.

Abordagem moderna de gestão da manutenção das máquinas, busca garantir que operem em boas condições, evitando as paradas por quebras.

Indicador usado para monitorar a eficiência do sistema produtivo, em especial, dos equipamentos. O aumento da OEE significa aumento da capacidade da fábrica.

Busca garantir a qualidade de produtos e processos, contribuindo para reduzir as perdas por fabricação de produtos defeituosos.

Ferramenta visual que permite investigar um problema e definir ações para solucioná-lo.

Ferramenta para auxiliar a resolução de problemas de maneira profunda e sistemática, que consiste em perguntar o porquê do problema cinco vezes.

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