Rota Estratégica para o Futuro da Indústria do ES: Energia 2035 foi lançada nesta quarta-feira (22) pelo Observatório da Indústria da Findes
O Espírito Santo quer ser uma referência global em eficiência e segurança energética. Mas, para que isso ocorra, 275 ações devem ser realizadas até 2035. Por meio delas, o Estado conseguirá diversificar sua matriz de geração de energia aproveitando os recursos locais e com responsabilidade socioambiental, ao mesmo tempo em que ganhará competitividade gerando emprego e renda para a população capixaba.
As ações que vão nortear o caminho do ES pelos próximos anos fazem parte da Rota Estratégica para o Futuro da Indústria do ES: Energia 2035, lançada nesta quarta-feira (22) pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), na sede da entidade, em Vitória.
As iniciativas serão realizadas a curto, médio e longo prazo e estão distribuídas em quatro fatores críticos que são barreiras para o desenvolvimento do setor no Estado: infraestrutura, mercado, políticas de Estado e recursos humanos e Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).
Com base nas propostas previstas na Rota da Energia será possível realizar o planejamento e o desenvolvimento de cada ponto de melhoria para o Estado se tornar exemplo para o Brasil e para o mundo no quesito energia sustentável. Já o acompanhamento da execução delas será realizado por meio de um painel dinâmico virtual, criado pelo Observatório da Indústria, que os atores envolvidos terão acesso.
“Nosso objetivo não é simplesmente apontar problemas e gargalos, mas contribuir na construção do caminho, da solução. Este é um trabalho que vai nos auxiliar de forma muito estruturada a definir um planejamento e as estratégias para tomarmos decisões assertivas em relação às nossas matrizes energéticas”, destacou a presidente da Findes, Cris Samorini.
Ela pontuou ainda que “com a Rota Estratégica da Energia, todo o Estado ganha”. Para a industrial, o mundo tem olhado para o Brasil como uma janela de oportunidades no setor energético. O Espírito Santo se inserir de forma qualificada, proativa e estruturada nessa discussão vai fazer com que o Estado seja visto e consiga se incluir na lista de prioridades dos investidores internacionais nos próximos anos.
De acordo com a Bússola do Investimento, feita pelo Observatório da Indústria da Findes, até 2028, mais de R$ 36,4 bilhões serão investidos no Estado em 289 projeto. Oito a cada dez deles são da indústria.
Entre esses investimentos, R$ 12,9 bilhões correspondem a 26 projetos do setor de energia. Desse total, dois são de renováveis (R$ 228 milhões previstos); 13 de infraestrutura energética (R$ 3,9 bilhões previstos); e 11 de petróleo e gás (R$ 8,7 bilhões previsto).
Durante a cerimônia de abertura, o governador do Estado, Renato Casagrande, destacou a atuação proativa da Findes em relação ao tema e lembrou da participação da Findes no Plano Estadual de Descarbonização e Neutralização de Gazes de Efeito Estufa, levantamento que está sendo construído em parceria do governo com a Federação e a Ufes, e afirmou que vai acompanhar de perto o andamento das ações da Rota Estratégica da Energia. “A Federação é parceira e o material da Rota de Energia serve como insumo para o governo”, avaliou.
O evento também contou com a participação do vice-governador, Ricardo Ferraço, dos secretários de Estado de Economia e Planejamento, Alvaro Duboc, e de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, e do diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira. Representando a Assembleia Legislativa do ES estiveram o deputado estadual e presidente da Comissão de Infraestrutura, Alexandre Xambinho, e o deputado estadual Mazinho dos Anjos.
O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Rodrigo Chamoun, também prestigiou a cerimônia. Outras autoridades, integrantes do governo do Estado, empresários e especialistas do setor de energia também estiveram presentes no lançamento da Rota.
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Para onde caminha o futuro da geração de energia?
O setor de energia engloba no Espírito Santo mais de 1,1 mil estabelecimentos formais, criando 17,5 mil postos de trabalho com carteira assinada. Em 2020, último dado disponível, a produção total de fontes energéticas no Estado correspondeu a 4,9% do total produzido no Brasil, o equivalente a 16.720 mil tep (toneladas equivalentes de petróleo), representando cerca de 19 vezes o consumo total de eletricidade no território capixaba nesse mesmo ano.
A presidente da Findes, Cris Samorini, lembrou que o setor energético é indispensável para a competitividade e a sustentabilidade da indústria. “Ele é capaz de influenciar desde os processos de planejamento, de produção e de distribuição até o consumo das mais diversas cadeias produtivas, contribuindo também de forma significativa na resolução de gargalos e, principalmente, na geração de valor e no desenvolvimento socioeconômico do Estado.”
A participação das fontes renováveis na matriz energética do ES é de 25%, enquanto no Brasil é de 48%, e no mundo é de 19%. Mesmo o número do Estado sendo inferior ao nacional, o Espírito Santo tem grande potencial de desenvolver energias renováveis.
“A expectativa é de que a produção de energia limpa no Estado avance nos próximos anos por meio de fontes como a solar, biomassa e eólica”, apontou Cris.
É diante desse cenário de mudanças que a presidente da Findes defende que “não adianta falar de transição energética se não houver segurança e eficiência energética”. Cris expõe como exemplo o caso da indústria, responsável por 52% de toda a energia consumida no Espírito Santo em 2020, sendo que desse total 41% foram gerados pelas próprias empresas.
“Nesse cenário, o gás natural é um insumo importantíssimo para a indústria. As empresas querem reduzir a dependência de outras fontes que emitem mais poluentes para atmosfera. Mas, para que isso aconteça, é fundamental ter infraestrutura, regulação e preço que viabilizem a utilização do gás natural. Além disso, podemos ter a produção do hidrogênio sustentável (azul) a partir do gás natural”, explicou.
275 ações para tornar o ES referência mundial
Segundo a gerente de Estudos Econômicos do Observatório da Indústria da Findes, Silvia Varejão, a Rota Estratégica da Energia conta com 275 ações a curto, médio e longo prazo para transformar o setor de energia capixaba uma referência mundial.
“As ações mapeadas estão divididas entre infraestrutura (28 ações), mercado (79), políticas de Estado (102) e recursos humanos e PD&I (66). Já entre os temas abordados por esse planejamento energéticos estão: eficiência e segurança energética; alternativas para a diversificação da matriz energética com recursos locais; e medidas voltadas a responsabilidade socioambiental”.
A economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório da Indústria da Federação, Marília Silva, lembrou que o documento mostra um panorama da produção e do consumo de energia no Estado, as matrizes energéticas que o ES dispõe e o potencial de aproveitamento de cada uma delas. “Mais de 120 especialistas contribuíram com a construção do caminho que o setor deverá percorrer nos próximos anos para desenvolver em toda a sua potencialidade.”
Para Cris Samorini, será preciso que todos os atores trabalhem em conjunto. De acordo com ela, se o poder público, o setor privado e a sociedade não estiverem comprometidos em destravar pontos que a Rota da Energia traz, o ES vai perder uma grande janela de oportunidades.
Essa é a sexta rota lançada no projeto Indústria 2035 da Findes. A Federação já tem elaboradas as rotas estratégicas: Agroalimentar; Biotecnologia; Petróleo e Gás Natural (P&G); Confecção, Têxtil e Calçados e Construção. Ainda neste ano está previsto o lançamento da Rota Estratégica da Economia Criativa.
Sobre o setor de energia
Mais de 90% da energia produzida no Espírito Santo vem de combustíveis fósseis – petróleo (76,5%) e gás natural (13,8%), de acordo com dados da Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Ou seja, apenas 9,7% são provenientes de fontes renováveis, como é o caso da lixívia (5,9%), produção de cana (1,6%), hidráulica (1,1%) e lenha (0,8%).
Ao olhar pela ótica da energia consumida no Estado temos 15 fontes, sendo as principais eletricidade (18,2%), coque de carvão (18,1%), gás natural (15,7%), óleo diesel (14,7%) e carvão mineral (12,6%).
Entre os consumidores de energia no Estado, estão: indústria (52%, sendo que quase metade desse percentual é autoprodução), transporte (23%), setor energético (11%), residencial (5,8%), comercial (2,6%), agropecuário (1,4%), público (1,3%) e não energético (1,1%).
Por Siumara Gonçalves
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