22/04/2016 – Robótica além do torneio

Projetos de pesquisa desenvolvidos pelas equipes do Sesi-ES para o Torneio de Robótica First Lego League podem ser aplicados na sociedade

O Torneio de Robótica First Lego League (FLL) é uma experiência e tanto para os jovens estudantes de escolas públicas e particulares de todo o país que têm a chance de participar da competição. Para os alunos da Rede Sesi de Ensino do Espírito Santo, a oportunidade surgiu há quatro anos, e desde então os resultados vêm evoluindo, culminando com a histórica participação de cinco equipes na etapa nacional – de seis vagas disponíveis no total – ocorrida em março deste ano. Além de todo o ganho com o aprendizado e o desenvolvimento de espírito de equipe, o envolvimento com a robótica não se resume a isso. Como em cada temporada o Torneio FLL propõe pesquisas e soluções para temas específicos (desastres naturais, aprendizado escolar e a destinação do lixo foram alguns dos temas já trabalhados), os jovens têm que apresentar seus trabalhos para a sociedade, interagindo com instituições e empresas, no intuito de provar que seus projetos podem ser colocados em prática. E os resultados são surpreendentes!

Em 2013, os estudantes do Sesi de Maruípe (Vitória) apresentaram seu projeto de pesquisa para a Prefeitura de Marataízes no intuito de conter a erosão marítima no município

Um belo exemplo é o do Sesi de Maruípe (Vitória). Em 2013, os estudantes daquela unidade apresentaram um projeto para a Prefeitura de Marataízes que propunha uma solução para o problema da erosão marítima no município. “Naquela ocasião, fomos recebidos pela Prefeitura, mas descobrimos que nosso projeto era mais apropriado para regiões suscetíveis a terremotos e tsunamis”, diz o professor de Matemática Thiago Ferreira, que coordena os trabalhos dos alunos de Robótica em Maruípe. “Isso serviu de motivação para que, anos seguintes, nos aprofundássemos ainda mais nas pesquisas. O resultado foi que, na temporada 2015/2016 do Torneio FLL, desenvolvemos um projeto de geração de energia utilizando lixo orgânico que apresentamos à Prefeitura de Cariacica, e lá ficamos sabendo que uma empresa reconhecida nessa área (Marca Ambiental) estava desenvolvendo algo semelhante, mas ainda em estágio inicial. Isso foi a prova de que a nossa pesquisa estava alinhada com a realidade e que se mostrava totalmente viável para aplicação prática”, completa Thiago.

A equipe Walking Lego, do Sesi de Jardim da Penha, vem interagindo com a Prefeitura de Vitória e associações de moradores e de catadores de material reciclável

Uma das cinco equipes do Sesi-ES classificadas para a etapa nacional do Torneio FLL no mês de março último — e que, inclusive, conquistou o 2º lugar na categoria “Programação” nessa mesma competição –, os jovens da Walking Lego, do Sesi de Jardim da Penha (Vitória), foram a campo buscar conhecimento sobre o projeto desenvolvido para a última temporada, relativo à coleta seletiva de lixo, e acabaram conhecendo melhor a realidade local. “Fomos à Secretaria de Serviços de Vitória apresentar o projeto, bem como convidamos a Associação de Moradores de Jardim da Penha para conhecer nossa pesquisa. Com isso, descobrimos que cerca de 30% do lixo recolhido na cidade são recicláveis, mas apenas 2% são, de fato, reciclados. Diante dessa descoberta, fomos conhecer a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Vitória para ampliarmos o alcance de nosso projeto, que visa a aumentar a porcentagem de lixo reciclado”, explica o professor de Robótica Bruno de Castro. “Com isso, colhemos subsídios para propormos a aplicação de nosso projeto no município. A temporada 2015/2016 do Torneio FLL pode ter se encerrado em março, mas o nosso trabalho não”, destaca.

A continuidade do projeto de pesquisa para além do Torneio FLL também acontece de maneira avançada na equipe Avalon, do Sesi de Cachoeiro de Itapemirim, inclusive com o objetivo de registrar a patente de sua pesquisa. “O projeto dos meninos da Avalon é absolutamente inovador. Eles desenvolveram um aplicativo para dispositivos móveis (smartphones e tablets) que conecta o cidadão à Prefeitura e também às empresas e associações de catadores de material reciclável. Isso seria um enorme avanço na reciclagem do lixo em Cacheiro de Itapemirim, pois a Prefeitura e as associações correlatas já confirmaram o interesse em sua aplicação”, comemora o professor de Matemática e coordenador para o Torneio FLL desses jovens, Searom Moraes. Ele destaca o atual estágio da pesquisa, que se encontra na fase de captação de recursos para o registro da patente.

Equipe Avalon, do Sesi de Cachoeiro de Itapemirim: o projeto de pesquisa já está na fase de captação de recursos para o registro de patente

Transformando o futuro

Para a diretora da escola do Sesi de Cachoeiro de Itapemirim, Giane Baldoto, o impacto nos alunos envolvidos nas pesquisas é imenso. “Eles se sentiram super importantes, pois perceberam que, para tudo aquilo em que se empenharam na pesquisa, há de fato uma utilização prática para a sociedade. Isso mudou até a percepção deles para com o mundo à sua volta. É uma lição de vida que vai além do ambiente escolar”, ressalta Giane.

Para Pedro Augusto Dias, aluno do Sesi de Maruípe, essa mudança em sua visão acerca do mundo à sua volta foi notória, influenciando inclusive as decisões a respeito de seu futuro profissional. “Após o trabalho com o tema da última temporada, relativo ao lixo, foi despertada uma consciência aqui dentro de mim que carregarei para sempre. Minha atitude em relação ao lixo produzido pelos seres humanos mudou. Antes eu não ligava para nada disso, e agora estou engajado na causa”, destaca Pedro Augusto, que também tomou decisões importantes após participar do torneio. “Antes de participar do FLL, eu tinha muitas dúvidas sobre qual carreira seguir. Como me identifico mais com a área de Ciências Humanas, agora estou mais inclinado a escolher Direito ou Publicidade. Pretendo defender causas relativas ao meio ambiente, mas também ajudar a propagar a consciência ambiental para toda a população”, afirma o jovem estudante.

Gabriel Barros de Almeida, estudante do Sesi de Cachoeiro de Itapemirim, também tomou decisões a respeito de seu futuro após ter contato com a Robótica. “Foi um trabalho em equipe muito intenso. Todos nós estivemos muito unidos, e isso influenciou não somente os resultados de nossa pesquisa, mas também as minhas decisões. Sempre me espelhei no meu pai, que é engenheiro civil, mas nunca havia decidido qual área da Engenharia seguir. Agora eu quero a Mecatrônica ou Química. Influência total do projeto de pesquisa que desenvolvi com meus colegas para o Torneio FLL!”, afirma o jovem.

A gerente de Educação Básica do Sesi-ES, Josefina Aparecida Prezentino, resume o sentimento dos profissionais e estudantes envolvidos: “É um orgulho para nós do Sesi poder participar do desenvolvimento e do crescimento dos alunos. Estamos formando futuros cidadãos comprometidos em ajudar a solucionar problemas do cotidiano e preocupados com o próximo e com o mundo. Esse é o maior aprendizado”, conclui.

Por Fabio Martins

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