Palestra realizada pelo Senai-ES discute a quarta revolução industrial e as mudanças que ela traz para empresas, gestores e trabalhadores
A atual revolução tecnológica não precisa ser uma corrida entre humanos e máquinas, mas sim uma oportunidade para o trabalho se tornar um canal pelo qual as pessoas possam reconhecer seu pleno potencial. A afirmativa é do especialista em indústria 4.0, o gerente de Inovação e de Tecnologia do Senai-SP, Osvaldo Maia, durante a palestra “‘O Futuro do Emprego e a Quarta Revolução Industrial – Indústria 4.0’, realizada nessa sexta-feira, dia 12 de agosto, no Edifício Findes.
O evento buscou oferecer maior entendimento sobre o impacto das rupturas trazidas pela revolução e os novos cargos e funções de trabalho no conjunto de habilidades que serão exigidas a partir de um futuro considerado breve, conforme prevê estudo apresentado no Fórum Econômico Mundial 2016, realizado em Davos, na Suíça.
Nesse sentido, Osvaldo Maia adiantou que os profissionais devem se tornar mais específicos e muito mais velozes no entendimento das mudanças que estão por vir, além de se conscientizarem sobre a responsabilidade coletiva na liderança de empresas e comunidades neste momento de transformação.
“É preciso estar atento e preparado. A indústria 4.0 permite a automação e a integração de todas as etapas de produção, e pede trabalhadores críticos, flexíveis, qualificados e, principalmente, abertos a novos aprendizados. Em um cenário no qual as ferramentas digitais trazem novos paradigmas para o setor industrial, os profissionais, do chão de fábrica à diretoria, também precisam mudar e se adaptar”, pondera.
Indústria 4.0
O desenvolvimento nos campos da Inteligência Artificial, Aprendizado Computacional, Robótica, Nanotecnologia, Impressão 3D, Genética e Biotecnologia estão se interconectando e acelerando um ao outro, constituindo o que se chama de “Quarta Revolução Industrial”.
Para Maia, os prazos e os impactos para que a mudança se faça sentir diferem entre indústrias e são moldados pela natureza específica do modelo de negócio de cada setor. “Entretanto, independentemente da indústria específica ou do condutor da mudança, é evidente que o ritmo de transformação das indústrias como um todo é sem precedentes. Mudanças disruptivas em setores da indústria já estão reconfigurando modelos de negócios e conjuntos de competências. Essa interferência continuará nos próximos cinco anos”, conclui.
Futuro do emprego
O relatório do Fórum Econômico Mundial aponta para uma perda total de 7,1 milhões de postos de trabalho devido às drásticas mudanças no mercado de trabalho no período 2015-2020. Os cargos mais afetados estão relacionados a atividades administrativas e de rotina em escritórios.
Porém, para o mesmo período, ainda de acordo com o estudo, serão gerados dois milhões de novos empregos, principalmente nas áreas de Computação, Matemática, Arquitetura e Engenharia. “Além disso, há dois tipos de novos cargos e funções que terão importância crítica, independentemente do ramo da indústria, até o ano de 2020: o de analista de dados e o de representantes de vendas.”
Analista de dados | Ajudará as empresas a terem insights, filtrando a grande torrente de informações provocadas pelas novas tecnologias. Esse cargo não se restringirá somente à área de Tecnologia da Informação; ele atenderá uma ampla gama de indústrias, conforme elas forem se adequando à evolução digital. |
Representante de vendas |
Responderá pela comunicação com os clientes, sejam eles empresas, governos ou consumidores. O público-alvo das empresas precisa receber orientação quanto às tecnologias inovadoras que estarão incorporadas a seus produtos. |
Ainda segundo Maia, em 2020, mais de um terço das competências exigidas não serão as mesmas consideradas essenciais nos dias de hoje. “As competências sociais, como persuasão, inteligência emocional e capacidade de ensinar, terão alta demanda, por isso as habilidades técnicas precisarão ser complementadas”, adianta.
No cenário atual, é essencial tomar ações focadas em gerenciar as transições de curto prazo e construir uma força de trabalho com competências que resistam ao futuro. “Sem isso, o governo terá que lidar com o desemprego crescente, desigualdade e o encolhimento da base de consumidores”, conclui Maia.
Por Breno Arêas