Meeting de Líderes 2025 | Foto: Beatriz Seixas/Findes
Evento realizado pela Findes e pelo Cindes aconteceu nesta sexta-feira (29), em Pedra Azul, Domingos Martins
Em meio às mudanças na dinâmica do cenário econômico mundial, garantir a soberania nacional passa, necessariamente, por uma indústria forte. O apontamento foi feito por lideranças, empresários e economistas que participaram primeiro dia do 16º Meeting de Líderes, realizado entre os dias 29 e 30 de agosto. As palestras e painelistas discutiram o contexto nacional e internacional, além dos desafios que o Espírito Santo terá nos próximos anos.
Promovido pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e pelo Centro da Indústria do Espírito Santo (Cindes), o evento, aconteceu em Pedra Azul, Domingos Martins. Neste ano, o tradicional encontro de empresários e lideranças capixabas teve como patrocinadores Arcelor, Samarco, Sebrae, Sicoob, Suzano e Vale.
Abrindo o encontro, o presidente da Findes, Paulo Baraona, reforçou a importância da indústria para o desenvolvimento da economia capixaba e brasileira.
Paulo Baraona, presidente da Findes, no Meeting 2025 | Foto: Thiago Guimarães/Findes
“Precisamos investir em tecnologia e inovação dentro das nossas fábricas. Um país que aposta na indústria não apenas se desenvolve, mas garante sua soberania”, afirmou.
Baraona ainda elencou a redução da taxa de juros, a mudança do perfil do capital humano e a melhoria da infraestrutura como temas fundamentais para a melhoria do ambiente de negócios do Estado e do país. “O setor industrial capixaba é forte porque temos mais de 20 mil indústrias, das pequenas às grandes, lideradas por empresários que batalham todos os dias para fazer o seu negócio continuar ativo. Estamos sempre em meio a inúmeros desafios e este ano não tem sido diferente”.
A vice-presidente do Cindes, Sandra Kwak, destacou a importância da participação dos empresários.
“O Meeting é o momento em que temos a oportunidade de nos aproximar, trocar ideias, compartilhar experiências, e o mais importante: aprender uns com os outros. É nessa troca genuína que fortalecemos a indústria e a economia. É nela que enxergamos juntos novos caminhos para um Espírito Santo mais próspero e cheio de novas oportunidades”, apontou.
Vice-presidente do Cindes, Sandra Kwak | Foto: Thiago Guimarães/Findes
O governador do Estado, Renato Casagrande, apontou a importância da indústria na consolidação de uma economia mais moderna e sustentável. Para o governador, a Nova Indústria Brasil (NIB) é uma base de política industrial muito forte para o país e uma ferramenta importante rumo a uma economia mais verde.
Governador do ES, Renato Casagrande| Foto: Thiago Guimarães/Findes
“Nosso Estado está avançando na verticalização das atividades de café, papel, na sofisticação maior da nossa atividadeeconômicaquepor muito tempo foi simplista. Precisamos sofisticare investirem inovação, em ESG, emsustentabilidade. Se quisermos salvar o planeta, temos que ter uma indústria forte. Precisamos produzir mais com menos energia. Temos que mudar a nossa forma de produção de energiae ter mais eficiência. Ter a indústria como condição primeira de proteger o planeta é ter soberania. Temos que ter ciência de que nós não podemos aceitar a intromissão de ninguém”, afirmou..
Já o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, defendeu a união entre os poderes públicos e o setor produtivo na defesa de pautas importantes para o Estado e para o país. “Nós precisamos ter uma Federação das Indústrias forte, um governo forte, um legislativo forte. Não podemos permitir que o Estado saia do caminho de desenvolvimento social e econômico.”
O diretor técnico do Sebrae, Eurípedes Pedrinha, também reforçou a necessidade de fortalecimento da indústria. “Dessa forma passamos a criar valor agregado nos nossos clusters, a fortalecer as micro e pequenas empresas e investir em novos negócios”, disse.
Especialistas discutem presente e futuro
A incerteza do cenário econômico global e o impacto no Brasil foi o tema apresentado pelo economista e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman, no primeiro dia do Meeting de Líderes 2025. Para o especialista, embora o impacto econômico geral das tarifas norte-americanas seja menor do que o inicialmente previsto, alguns segmentos específicos já sentiram os efeitos.
Outro ponto abordado por Schwartsman foram as expectativas de inflação no Brasil, que permanecem acima da meta, e a necessidade de manter juros reais elevados para conter a pressão inflacionária. Segundo o economista, a natureza da expansão do consumo no Brasil derivou de um crescimento muito forte dos programas de transferência de renda, que tem impacto nas contas públicas.
Enquanto a primeira palestra tratou da instabilidade como fator determinante para a tomada de decisão, a segunda trouxe um olhar para o futuro. O especialista em inovação e transformação digital, Walter longo, defendeu que as empresas precisam desenvolver uma “alma digital”, indo além do simples uso de ferramentas tecnológicas. “Investir em tecnologia é condição essencial, mas não é suficiente”, aponta.
Ainda de acordo com o especialista, a análise preditiva, impulsionada por algoritmos e inteligência artificial, está revolucionando o mercado que conhecemos. Para ele, o cruzamento de dados permite que análises, antes inexistentes, sejam realizadas de forma rápida e facilitada, impactando desde a logística até a relação com os clientes.
Especialista em inovação e transformação digital, Walter longo | Foto: Thiago Guimarães/Findes
“Análise preditiva é o futuro de qualquer negócio e está na nossa mão termos uma interação individualizada com os nossos clientes.”
Indústria em alta: mesa redonda com lideranças
Encerrando a tarde de debates aconteceu a mesa redonda “Indústria em Alta”, que contou com a participação de quatro lideranças capixabas: o presidente da Findes, Paulo Baraona; o diretor-presidente do Bandes, Marcelo Saintive; a vice-presidente Financeira da Findes e presidente do Conselho da Buaiz Alimentos, Eduarda Buaiz; e o conselheiro vice-presidente da Findes e presidente do Grupo Estel, Luiz Cordeiro. O debate foi mediado pela economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva.
Confira os destaques da mesa redonda:
Paulo Baraona, presidente da Findes
Mão de obra e logística
“As novas gerações estão chegando ao mercado de trabalho com uma visão diferente sobre o emprego. O tempo de permanência dos profissionais nas empresas vem diminuindo. Precisamos fazer com que nossa legislação alcance esse novo modelo de trabalho que a própria sociedade vem demandando. Logística é crucial, independente do setor. O ES já tinha essa vocação de ser um hub logístico e é isso que estamos fortalecendo junto ao governo estadual e com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Vale lembrar que o Espírito Santo está praticamente no centro do Brasil, a um raio de 1,2 mil quilômetros de 60% do PIB do país. O futuro é nos transformarmos em um grande hub logístico para o país.”
Marcelo Saintive, diretor-presidente do Bandes
Fundo de Descarbonização do Espírito Santo
Diretor-presidente do Bandes, Marcelo Saintive | Foto: Thiago Guimarães/Findes
“O Fundo de Descarbonização do ES é um projeto inédito no país. São R$ 500 milhões para apoiar projetos estruturados pelo Bandes. Ser o pioneiro é um enorme desafio, mas nos dá muito orgulho também. Existem vários fundos soberanos de outros países e eles nos procuram para entender o que estamos fazendo.
Quando criamos o Fundo Soberano do Espírito Santo (Funses), em 2019, a ideia era poupar os recursos de royalties e participações especiais do petróleo e gás. Agora, decidimos utilizá-los para descarbonizar a economia. É gratificante fazer política pública com recursos bem aplicados.”
Eduarda Buaiz, vice-presidente Financeira da Findes e presidente do Conselho da Buaiz Alimentos
Escuta ativa e participação feminina
“O segredo do nosso sucesso é unir tradição e inovação. Ao longo dos anos, nos preparamos para o futuro com investimentos, pesquisa e novos produtos, sempre atentos ao que o consumidor deseja.
Entre os desafios do dia a dia, busco implementar a escuta ativa. Parece simples, mas nem todas as empresas praticam. Criamos, por exemplo, o ‘Café com a Duda’, em que um colaborador de cada área traz sugestões durante uma conversa. Mais de 20 já foram implantadas por meio dessa iniciativa. Outro ponto essencial é ampliar a presença feminina na indústria e em cargos de liderança.”
Vice-presidente Financeira da Findes, Eduarda Buaiz | Foto: Thiago Guimarães/Findes
Luis Cordeiro, conselheiro vice-presidente da Findes e presidente do Grupo Estel
Desenvolvimento da indústria
Conselheiro vice-presidente da Findes, Luiz Cordeiro | Foto: Thiago Guimarães/Findes
“Vivemos a transformação industrial do país. Não só em automação, mas também em equipamento. O Espírito Santo desenvolveu um parque de fornecedores para papel e celulose que hoje atende todo o país, e esse aprendizado se expandiu para outros setores. O segmento metalmecânico é motivo de orgulho, reconhecido dentro e fora do Brasil.
O polo moveleiro capixaba também se destaca, sendo o sexto maior do país. Nosso foco é adensar a cadeia e preencher lacunas. Agora, estamos trazendo para o Estado a produção de resina e papéis usados no MDF, antes importados de outros estados.”
Por Siumara Gonçalves
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