
Encontro aconteceu no dia 2 de setembro e contou com presença de palestrantes internacionais e gestores escolares
O palco do Teatro do Sesi Jardim da Penha, em Vitória, abriu espaço para um encontro voltado a pessoas dedicadas a transformar vidas por meio do ensino. Gestores escolares, professores e especialistas nacionais e internacionais em educação se reuniram, nesta terça-feira (2), durante o II Seminário internacional de Educação, promovido pela Findes, Sesi e Senai para ampliar o debate sobre o tema “A Nova Era da Educação: Conexões entre Neurociência, Tecnologia e Desafios da Qualidade da Educação”.
A programação contou com quatro painéis que trataram cases internacionais, desafios na educação básica, novas tecnologias e neurociência. Durante a abertura do evento, o primeiro vice-presidente da Findes, Eduardo Dalla Mura, destacou que o seminário é um espaço de diálogo e inspiração. “É preciso mobilizar toda a sociedade para que possamos garantir a cada estudante capixaba uma formação de excelência, que gere oportunidades e fortaleça o futuro do nosso Estado, pensando na nova era da educação e os desafios que teremos à frente!”, afirmou.
Compromisso do Sesi é com a educação brasileira
Entre os palestrantes, o presidente do Conselho Nacional do Sesi, Fausto Augusto, que participou do painel: A ciência e a experiência ao serviço do êxito educativo: o caso de Portugal, destacou o compromisso do Sesi com a educação brasileira. “O Sesi reafirma seu compromisso com uma educação integral, que une inovação, tecnologia e formação humana. Nosso papel é apontar caminhos para que o Brasil tenha uma escola conectada às demandas do século XXI e ao desenvolvimento do país”, afirmou.
Também participaram do painel o professor e ex-ministro da Educação de Portugal Nuno Crato; o secretário de Estado de Educação do ES, Vitor de Angelo; e o presidente do Conselho Temático de Educação (Conedu) da Findes, Luciano Raizer.
Processos de aprendizado com Nuno Crato
Na sequência, o ex-ministro Nuno Crato chamou a atenção para a sensação equivocada de que os jovens prestam atenção em várias coisas ao mesmo tempo, quando na verdade apenas alternam a atenção rapidamente. “Em livros didáticos com muitas imagens, por exemplo, os estudantes acabam se prendendo aos desenhos e deixam de se concentrar no texto, o que compromete a leitura e a compreensão”, explicou.
Crato ainda reforçou que a memória de trabalho tem capacidade limitada e só consegue lidar com poucas informações simultaneamente. Por isso, o processo de ensino precisa ser construído em etapas, de forma a evitar a sobrecarga cognitiva. “O jovem não aprende tudo de uma só vez. É necessário avançar gradualmente, consolidando cada parte do conhecimento. O professor precisa entender o limite da aprendizagem e o momento de propor problemas mais complexos”, destacou.
Novas tecnologias e educação básica
O presidente do Conedu e professor da Ufes, Luciano Raizer, destacou como o avanço das novas tecnologias, como a inteligência artificial, transformou a relação dos estudantes com o aprendizado. “Usar ferramentas de inteligência artificial é importante, mas o grande desafio do século XXI é formar jovens capazes de criar algoritmos e desenvolver tecnologia, e não apenas consumi-las”.
Complementando, o presidente do Conselho Nacional do Sesi, Fausto Augusto, reafirmou que o caminho que o Sesi escolheu é a educação tecnológica, sem esquecer do conhecimento básico. “A robótica que vemos no Sesi é apenas a ponta de uma pirâmide: nosso compromisso é formar estudantes preparados para o momento atual, unindo ciência, matemática e tecnologia”, ressaltou.
O secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo, também saiu em defesa do olhar para o ensino básico. “Precisamos valorizar a educação inicial lá na base, onde gera resultado, mas sempre aliada à autocrítica, ao debate e à construção de novos caminhos”, disse o secretário.
Ao encerrar o painel, o ex-ministro Nuno Crato elogiou a atuação dos profissionais da educação. “O trabalho que os professores realizam aqui em Vitória é fonte de inspiração e coragem. Os resultados alcançados são fantásticos e mostram que o Brasil está no caminho certo”, afirmou.
Um dedicado para compartilhar ideias
O seminário seguiu com uma série de painéis reunindo grandes nomes da educação que compartilharam suas ideias e conhecimento. Sobre Desafios para evolução dos indicadores de qualidade na educação básica participaram: o superintendente Nacional de Educação do Sesi, Wisley Pereira; o professor de economia da USP, pesquisador da Fipe e fundador da Tuneduc, Ricardo Madeira; a gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva; e a secretária de Educação de Vitória, Juliana Rohsner.
Já o painel Novos Humanos & Novas Tecnologias foi conduzido pelo superintendente do Sesi ES e diretor regional do Senai ES, Geferson dos Santos, que destacou a importância do encontro. “Refletimos sobre práticas que, até aqui, não geraram os resultados esperados e valorizamos aquelas que têm se mostrado efetivas na transformação da aprendizagem. Foi um dia dedicado à análise de dados de pesquisas recentes, como os últimos censos, e à sua tradução em conteúdo relevante e aplicável. Mais do que números, buscamos compreender o que eles nos dizem sobre o presente e, principalmente, sobre o futuro da educação”, destacou. Participaram ainda do painel a CEO da Voicers e Pesquisadora de Futuros, Ligia Zotini, e a vice-presidente executive partner na Gartner, Nei Silverio.
O último painel do seminário tratou o tema Neurociência e Aprendizagem: como o cérebro aprende (e desaprende), com a participação da gerente executiva de Educação e Cultura da Findes, Tatiane Franco, da doutora em neurofarmacologia, professora, palestrante e faculty da Singularity University Brazil, Carla Tieppo e da aluna do Sesi Escola de Referência Jardim da Penha, Anna Clara Girondoli.
Aprendizado para quem educa
O seminário reforçou o compromisso da Findes, por meio do Sesi e do Senai, em fomentar temas que ensinem e aprimorem a capacidade de reinvenção constante dos educadores.
“Esse evento foi grandioso e muito importante para a qualidade da educação. Estar junto com os professores, que estão na ponta fazendo acontecer, é essencial. Hoje, a tecnologia se coloca como um grande desafio, mas o professor se reinventa a cada aula, a cada trabalho”, afirmou a secretária de Educação de Ibatiba, Simone Soares.
Esta foi a segunda edição do Seminário Internacional de Educação. Em 2024, o Sesi Jardim da Penha recebeu o primeiro encontro com o tema: Inovação, Desafios e Oportunidades no Século XXI, e painéis que levaram análises e proposições de ações para a melhoria da educação.
Por Yan Carlos Barbosa