ARTIGO: Entrando nos trilhos

Mercadorias sendo transportadas nos trilhos de tremA paralisação dos caminhoneiros causou prejuízos bilionários e reacendeu o debate sobre nossa dependência do transporte rodoviário. Segundo dados da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, cinco dos maiores países do mundo em extensão territorial – Rússia, Canadá, China, EUA e Austrália – escoam 37,2% de sua produção por meio das rodovias.

O Brasil, quinto maior país do mundo, depende das rodovias para transportar 58% das mercadorias. Um atraso histórico. Não bastasse o percentual acima da média, nossa malha tem apenas 211 mil quilômetros de vias pavimentadas – a Índia, com menos da metade do tamanho do Brasil, possui mais de 1,5 milhão de quilômetros asfaltados.

Ao analisarmos nossa malha ferroviária, o problema fica ainda mais grave. Mesmo com frete mais barato, menor impacto no meio ambiente e número reduzido de acidentes, apenas 25% das cargas circulam nos trilhos do Brasil. A média nos países analisados é de 50%, com destaque para a Rússia, que concentra nas ferrovias 81% de seu transporte.

Estudo da CNI com dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres aponta que 23% de nossas ferrovias estão sem condições operacionais. Os trechos restantes estão altamente concentrados no transporte de minério de ferro (416 milhões de toneladas) e soja (30 milhões), entre outros. A movimentação de contêineres, que possui maior valor agregado, representou apenas 4,9 milhões de toneladas.

O desequilíbrio entre os modais gera dependência e vulnerabilidade. O frete mais caro nas rodovias ampliará custos e, inevitavelmente, chegará ao consumidor. O Brasil precisa retomar a agenda de investimentos em infraestrutura, com a participação da iniciativa privada. A prorrogação antecipada das concessões ferroviárias deve gerar, nos próximos cinco anos, R$ 25 bilhões em investimentos.

No Espírito Santo, o Conselho Temático de Infraestrutura e Energia da Findes tem acompanhado a criação de um ramal sul para a Vitória-Minas, ligando nossa capital ao Porto do Açu, no Rio de Janeiro. A medida fortaleceria o desenvolvimento no Sul do Estado, conectando os novos empreendimentos da região a um eixo logístico altamente competitivo.

Wilmar Barroso Filho e Romeu Rodrigues são, respectivamente, presidente e executivo do Conselho de Infraestrutura e Energia da Findes

 

Este artigo foi publicado na edição desta quarta-feira (20) do Jornal A Gazeta

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