A força do aço capixaba

A indústria capixaba é uma das mais relevantes do país e representa um terço das riquezas produzidas no Espírito Santo – 31,1% do Valor Adicionado, percentual acima de estados como São Paulo e Minas Gerais. Embora tenhamos uma participação considerável na economia, grande parte de nosso desempenho está vinculado a poucos setores, a saber: extração mineral, petróleo e gás, construção civil, celulose e metalurgia.

Tentar compreender o crescimento da indústria capixaba e nossa história passa pelo estudo das empresas presentes há décadas no estado, a exemplo da ArcelorMittal Tubarão. Feita a introdução, não é difícil dimensionar o impacto que causará na economia capixaba a decisão açodada do presidente dos EUA, Donald Trump, de sobretaxar a importação do aço produzido no Brasil em 25%.

Em nível nacional, a medida afetará um mercado de aproximadamente US$ 3 bilhões, considerando valores de ferro e aço exportados para os EUA – o Brasil é o segundo maior fornecedor dos norte-americanos. No Espírito Santo, a sobretaxação prejudica uma das siderúrgicas mais produtivas do mundo, que representa, diretamente, 8,8% do PIB capixaba, sustenta uma cadeia produtiva de 50 mil empregos, entre diretos e indiretos, e movimenta cerca de 11% do nosso PIB.

Além de criar obstáculos para a indústria nacional, a decisão tampouco vai gerar empregos nos Estados Unidos: os produtos semiacabados brasileiros, cerca de 81% do volume exportado, seguem para beneficiamento em solo americano – em vários casos, por empresas do mesmo grupo. O efeito imediato para a indústria americana será a redução de oferta e o encarecimento de matéria-prima, diminuindo a competitividade do setor.

Outra perspectiva grave é a desvalorização do produto no Brasil em razão do excedente de oferta global, causando desequilíbrio e colocando em risco empresas e empregos no país. Nós, do Sistema Findes, acreditamos na capacidade de diálogo do Governo Federal e vamos nos mobilizar por ações que excluam o Brasil da sobretaxação, uma demanda da indústria nacional e das siderúrgicas norte-americanas que dependem de nossos produtos.

Leo de Castro

Este artigo foi publicado originalmente no jornal A Gazeta, no dia 13/03/2018.

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