31/03/2015 – Sucessão familiar em debate na Findes

A Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo – Findes – e a PwC Brasil promoveram nesta terça-feira, dia 31 de março, um café da manhã para discutir o tema “Empresas Familiares”. O evento foi realizado no plenário do Ed. Findes, em Vitória, e contou com palestra da diretora da PwC Brasil, Mary Nicoliello, que subdividiu a apresentação em dois tópicos: “A profissionalização das empresas familiares” e “Desenvolvimento de herdeiros: a importante tarefa de desenvolver acionistas responsáveis”.

“A Findes é uma ‘casa’ que abriga todos os setores da indústria capixaba. E a questão da sucessão familiar é algo para o qual a maioria dessas indústrias necessita de orientação profissional, pois são negócios que passam de geração para geração”, disse a diretora para Assuntos de Capacitação e Desenvolvimento Humano da Findes, Clara Thais Orlandi, ao abrir o evento. “Caso não haja essa profissionalização nas empresas familiares, poderemos ver verdadeiros impérios ruírem, como já aconteceu em vários casos, aliás. O mundo dos negócios não aceita a improvisação. É por isso que este debate é importante”, completou a dirigente.

Os desafios para a sucessão familiar

A diretora da PwC, Mary Nicoliello, começou sua palestra citando dois paradoxos muito comuns em se tratando de empresas familiares: “pai rico – filho nobre – neto pobre” – a empresa familiar sem planejamento de sucessão – em contraponto ao ideal, que seria “pai, filho e neto gerando valor”. “A meta a ser seguida é que cada geração da família faça crescer o valor da empresa de forma inovadora e mantendo o respeito à visão e dedicação do seu fundador”, disse Mary, que apresentou dados importantes sobre o perfil das empresas no Brasil e no mundo, tais como: cerca de 2/3 das maiores empresas do mundo são familiares; das 300 maiores empresas do Brasil, 256 são familiares; 75% dos empregos gerados no Brasil provêm de empresas familiares.

Mary Nicoliello, com base em pesquisa da PwC que aponta que 49% das empresas familiares brasileiras já se encontram na sua 2º geração (ou no processo para que a 2ª geração se suceda à 1ª), elencou os principais desafios para os próximos cinco anos na questão da sucessão familiar relacionada ao sucesso ou não dos negócios: inovação; situação econômica do país; concorrência de preços; contenção de custos; atração de talentos; e planejamento sucessório. “Esses desafios se tornam ainda maiores se levarmos em conta que apenas 11% dessas empresas familiares investem num plano de sucessão robusto. Além disso, a cobrança em cima dos herdeiros é muito maior, como eles próprios atestam: 88% afirmam que trabalham muito mais do que os demais funcionários da empresa justamente por serem da família. Por essa e outras razões, os sucessores têm que se preparar adequadamente”, destacou.

As estratégias

Durante a palestra, Mary abriu a palavra para os participantes, que lotaram o plenário da Findes. Foi o caso de Américo Madeira, há 47 anos presidindo um grupo empresarial familiar no Espírito Santo e preparando-se para a sucessão. “Estou há 25 anos capacitando minha família para me suceder”, disse o empresário. “Existe uma grande dificuldade em não se fazer da empresa uma continuidade da família, mas sim o contrário, que a família dê continuidade à empresa. Minha dúvida é sempre quando deve ocorrer a sucessão. No meu caso, ela deverá ocorrer em breve, e me preocupo em dar exemplo para quem quer ser líder e me suceder”, completou Madeira.

Com base neste e em outros depoimentos dos participantes, a diretora da PwC indicou algumas estratégias para a sucessão familiar, com um trabalho que, segundo ela, deve começar já aos 14 anos de idade, com uma plataforma de desenvolvimento que vai do ensino médio ao MBA, culminando com um herdeiro já preparado profissionalmente aos 26 anos de idade, atuando por meio de um sistema de governança corporativa.

“Mas não é fácil! Se fizer ‘mais ou menos’ esse processo, vai dar errado”, enfatizou Mary Nicoliello. “O ideal é que o fundador da empresa decida naturalmente o que seja melhor para a família e para a própria empresa. E os herdeiros que se preparem corretamente, independentemente da decisão final do fundador. Os jovens têm que se preparar, se qualificar e trazer algo de novo e inovador que julguem, sim, fazer a diferença. Por fim, a sucessão familiar é algo que lida com emoções muito fortes, incluindo a morte, seja por idade avançada ou por acidente. Por isso, a estruturação da sucessão nas empresas familiares tem que ocorrer desde cedo”, finalizou a palestrante.

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