26/05/2016 – O verdadeiro papel do estágio

Empresas e estagiários relatam suas experiências na busca pela melhor formação para um futuro profissional do mercado de trabalho

Já foi o tempo em que o estagiário era mero ‘acessório’ para as empresas, normalmente subutilizados em tarefas menos importantes. O mercado de trabalho evoluiu bastante quanto a esse aspecto, e a postura dos gestores para com seus aprendizes vem adquirindo cada vez mais importância dentro das empresas. A presença de um estagiário se configura numa troca, na qual o estudante começa a tomar contato, na prática, com o que está aprendendo na faculdade ou curso técnico, e a empresa aproveita também para se reciclar com os novos conhecimentos que esse estagiário traz do ambiente acadêmico para o laboral. As boas práticas de estágio, portanto, são cruciais para que futuros profissionais talentosos sejam valorizados pelas empresas pelo que eles têm de melhor.

E o que são boas práticas de estágio? “São as que propiciam que a empresa crie um ambiente adequado para que o estagiário coloque em prática tudo o que está aprendendo na faculdade ou escola técnica. Com isso, se fortalecem também as empresas e as instituições de ensino, pois as boas práticas de estágio valorizam tanto a postura de quem emprega quanto a de quem ensina”, afirma o superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES), Fábio Dias. Uma maneira de incentivar as melhores práticas de estágio, inclusive, foi a criação do Prêmio IEL de Estágio, que busca valorizar estagiários, empresas e instituições de ensino, de acordo com o que disse o superintendente do IEL-ES.

Aprendendo na prática

A estudante de Administração Hedcelly Reis, estagiária da Medabil (indústria do setor de estruturas metálicas), por exemplo, optou por deixar o emprego que tinha em outra empresa para se dedicar à vaga de estágio, por acreditar que iria evoluir mais na profissão que escolheu. “Como estou no último período da faculdade, minha escolha se mostrou acertada”, diz Hedcelly. “Aqui na Medabil estou lidando diretamente com a gestão de pessoas na área de Recursos Humanos. Foi uma decisão difícil, sair de um emprego para ocupar uma função ‘inferior’, em termos de salário, sendo estagiária. Mas se não tivesse feito isso, não estaria tomando contato, na prática, com aplicações e políticas de gestão de pessoas como acontece agora, o que fará toda a diferença em minha carreira. Me sinto motivada, inclusive, para aprender mais”, afirma a estagiária, que pretende concorrer ao Prêmio IEL de Estágio.

Sua gestora direta, Melissa Liberato, gerente de Recursos Humanos e Administrativo da Medasil, destaca que a empresa valoriza tanto seus estagiários que o índice de contratação dos mesmos após formados chega a 80%. “Nos últimos anos, dos 10 estagiários que passaram por aqui, oito foram contratados. Como somos uma indústria de um setor bem específico, realmente enxergamos o papel do estagiário como um profissional que estaremos formando da melhor maneira possível para trabalhar em nossa empresa”, relata.

Troca de experiências

“A chegada de um estagiário na empresa é um fator revigorador para a equipe, pois se promove a interação entre a empresa e o que é transmitido pelas instituições de ensino”, destaca o gerente do Centro de Operação da EDP Escelsa (concessionária de energia elétrica que atende o Espírito Santo), Edson Barbosa da Silva Jr. “A empresa oferece sua estrutura ao estagiário e o insere nos processos práticos, ao passo que o estagiário traz de sua faculdade ou curso técnico as novas ferramentas aprendidas. Além disso, há uma saudável sinergia entre estagiários e funcionários – alguns com mais de 20 anos de casa -, pois o profissional se esforça em dar a melhor orientação, e ajuda a identificar também qual é a área correta em que o estagiário vai atuar. É uma troca, porque os dois lados se fortalecem e saem amadurecidos”, completa Edson.

Para o estagiário em Engenharia Elétrica Felipe Freitas, essa troca foi sentida de imediato. “Já no primeiro dia do meu estágio a equipe começou a discutir comigo várias ideias sobre a aplicação prática da Engenharia Elétrica no setor. Eles compartilharam o que viviam aqui na empresa e, inclusive, queriam saber o que eu estava aprendendo na faculdade”, elogia Felipe. “Foi ali que eu entendi perfeitamente o conceito de ‘troca’ citado pelo Edson. A partir disso, comecei a aprender e assimilar as tarefas do dia a dia na empresa. Dentro desse contexto, consegui também desenvolver novas ideias, que tive dentro do curso. Eu realmente estou aproveitando da melhor forma possível tudo o que venho aprendendo”, atesta o jovem estagiário que, inclusive, já está inscrito no Prêmio IEL de Estágio.

Grandes responsabilidades desde cedo

Na gestão de pessoas em uma grande empresa, lidar com contratos e as centenas de itens que compõem a legislação trabalhista brasileira é uma tarefa complexa, que exige muito dos profissionais envolvidos. Isso, portanto, não seria ‘tarefa de estagiário’, certo? Não na visão da Roca Sanitários (multinacional especializada em produtos como pias, cubas, sanitários e acessórios para banheiros), que contratou a estudante de Ciências Contábeis Larissa Sepulchro Azevedo para tomar contato direto com tais procedimentos. “Ser estagiária de um setor que exige tamanha responsabilidade tem me agregado demais não somente como profissional, mas também como pessoa. Desenvolvi mais meu senso crítico como um todo com essa experiência profissional”, exalta Larissa. “Meu gestor direto sempre incentivou todos os estagiários a terem curiosidade de saber mais, inclusive além do meu setor específico, como o Jurídico, pois temos uma responsabilidade muito grande de fornecermos informações aos funcionários a respeito de questões trabalhistas”, relata a estagiária, que inclusive foi incentivada pela própria empresa a se inscrever no Prêmio IEL de Estágio.

O coordenador de Recursos Humanos da Roca Sanitários, Willams da Costa, atesta o que diz Larissa. “A nossa empresa tem em sua cultura fazer do estagiário um futuro colaborador. Temos, inclusive, vários gestores aqui que começaram como estagiários”, afirma Willams. “Para tal, realizamos um complexo planejamento que vai desde a teoria até às práticas com as quais o estagiário mais se identifique na empresa. No caso específico da Larissa, que estagia na área ligada à legislação trabalhista e que agrega um nível de responsabilidade muito grande, nós fizemos questão, desde o primeiro dia dela na empresa, que participasse ativamente de todos os processos. Sem dúvida estamos no caminho certo para a aplicação das boas práticas de estágio, com ela e com os demais aprendizes na empresa”, conclui o gestor.

Já estão abertas as inscrições para o Prêmio IEL de Estágio. Para a edição de 2016, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES) oferecerá R$ 3,5 mil ao primeiro colocado na categoria “Estagiário Destaque”, além da automática classificação para a etapa nacional. Também concorrem empresas (Prêmio Empresa Destaque) e instituições de ensino (Prêmio Instituição de Ensino Destaque). As inscrições acontecem até o dia 22 de julho e a entrega dos prêmios está agendada para o dia 28 de setembro, em local a definir.

O Prêmio é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do IEL Nacional, e busca reconhecer e incentivar as boas práticas dos programas de estágio. A premiação em dinheiro, além dos R$ 3,5 mil destinados ao 1º colocado, contemplará também o 2º (R$ 1,5 mil) e o 3º (R$ 1 mil) colocados. Já os escolhidos nas categorias “Empresa Destaque” e “Instituição de Ensino Destaque” receberão troféus e certificados.

Informações completas e inscrições aqui!

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