Por que as indústrias devem investir em saúde e segurança no trabalho?

Investir em gestão da saúde e segurança no trabalho contribui para o aumento da competitividade e a redução dos custos para as empresas

 

Aumentar a competitividade, produtividade e lucratividade da indústria deve ir muito além do investimento em inovação e tecnologia para a melhoria dos seus processos: é preciso olhar para o seu material humano, o seu colaborador, investindo na sua qualidade de vida, saúde e segurança. Investir em gestão da saúde e segurança no trabalho dá retorno e reduz custos para as empresas.

Números levantados pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), apontam que no Estado, entre 2012 e 2017, foram perdidos 3.803.520 dias de trabalho, impactando diretamente na competitividade das indústrias capixabas, seja em função dos elevados custos associados aos afastamentos, seja pelos trabalhos perdidos, além do aspecto negativo na área social. No Brasil, este número chegou a 305.299.902 dias perdidos.

Tais fatos mostram que a gestão correta de Saúde e Segurança do Trabalho, além de diminuir acidentes e aumentar a produtividade dos trabalhadores, gera redução dos custos da empresa.

Ao não investir em prevenção de acidentes, a empresa acaba pagando um alto custo do  Seguro de Acidentes do Trabalho, retendo o FGTS do trabalhador afastado, arcando com os custos de sua estabilidade no retorno ao trabalho, com os custos da eventual judicialização do episódio e das ações regressivas que o INSS move.

Entre 2012 e 2017, aponta o Ideies, os afastamentos previdenciários acidentários, considerando apenas os auxílios-doença por acidente do trabalho, geraram uma despesa total de R$ 175,8 milhões de reais no Espírito Santo. No Brasil esse montante foi de R$ 14,9 bilhões.  

De acordo com o diretor de Saúde e Segurança na Indústria do Sesi-ES, Júlio Zorzal, esses e outros aspectos devem ser observados pelos gestores para realizar a implementação das medidas de SST nas empresas.

“Um deles é o social, o próprio afastamento ocasiona problemas na vida do trabalhador e de sua família, isso é inegável. Mas a indústria também é afetada com a perda de produtividade, a redução da produção e, naturalmente, da competitividade da empresa, ocasionando impactos financeiros e perda da capacidade produtiva pela ausência daquele trabalhador em função do acidente de trabalho”, apontou.

Zorzal aponta ainda que que as indústrias podem ser punidas com multas, interdições e notificações pelos órgãos de controle. Ele destaca a implementação do eSocial como ferramenta digital que exigirá das organizações maior atenção gestão das informações e dos processos de saúde e segurança do trabalho.

“Ele prevê uma gestão informatizada de todas as informações trabalhistas, recursos humanos, previdenciárias e, principalmente, saúde e segurança do trabalho. Isso traz para a empresa o desafio de fazer uma gestão integrada de todas essas informações. A indústria, hoje, se não tiver preocupada com a gestão dessas informações pode ter alguns passivos relacionadas à SST para responder junto aos órgãos de controle”, alertou.

Números que impactam

Os índices de acidente de trabalho são altos no Espírito Santo, embora tenham apresentado uma redução nos últimos três anos. O “Anuário Brasileiro de Proteção (OIT) de 2017”, que coletou dados sobre o assunto em 2016, tendo como referência números de 2015, coloca o Espírito Santo como o 7º estado com maior proporção de acidentes no Brasil e o 2º em taxa de óbitos.

Dados no “Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho”, levantados pelo Ideies, apontam que, entre 2012 e 2017, foram registrados 69.939 acidentes de trabalho no Espírito Santo, o que corresponde a 1,8% dos 3.879.755 acidentes registrados no país no período.

A proporção de óbitos decorrentes dos acidentes de trabalho no Espírito Santo é maior, somando 462 mortes entre 2012 e 2017 e chegando a 3,2% do total de óbitos no Brasil (14.412). Na média do período, o estado registrou um acidente de trabalho a cada 45 minutos, e um óbito a cada 4 dias e 17 horas.

No estado, os setores da Indústria e Agropecuário têm maiores coeficientes de acidentes e de mortes, respectivamente. No período entre 2012 e 2016, quando analisado por setor, o coeficiente de acidentes de trabalho no Espírito Santo foi maior na Indústria, com 22,1 acidentes a cada 1.000 trabalhadores. Já o coeficiente de mortalidade foi maior na Agropecuária, com 18,3 mortes a cada 100.000 trabalhadores. 

Apesar de apresentarem os maiores coeficientes por quantidade de trabalhadores, estes setores concentram maior proporção de funcionários expostos a maiores riscos de acidentes, pelas características das suas atividades.

Júlio Zorzal aponta quais medidas devem ser tomadas para mudar essa realidade e melhorar os índices de SST nas indústrias capixabas.

“Primeiro ponto, é preciso identificar os riscos no ambiente de trabalho e os colaboradores que estão sujeitos a eles e, a partir daí buscar medidas de Engenharia e de Controle para reduzir ou eliminar os riscos. O ideal é eliminá-los e, aí, há a necessidade de investimentos, como a proteção de uma máquina, uma medida de controle para evitar acesso à determinados locais com risco de queda ou soterramento, medidas de manutenção das máquinas e equipamentos, medidas de controle dos EPIs dos trabalhadores”, destacou.

Visando a qualidade de vida dos trabalhadores da indústria e o aumento da competitividade do setor industrial capixaba, a Findes conta com a Diretoria de Saúde e Segurança no Trabalho do Sesi-ES, que realiza diversos eventos de informação, qualificação e inovação em SST junto às empresas e entidades capixabas. Há ainda o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) da Findes, que dedica atenção às ações internas de prevenção e segurança, em todas as unidades.

Prêmio Sesi de Boas Práticas em SST

Para estimular soluções inovadoras e eficientes e mitigar os problemas ocasionados pelos acidentes ou adoecimentos por questões trabalhistas, o Sesi-ES promove o “Prêmio Sesi de Boas Práticas em SST”, uma competição para pequenas, médias e grandes indústrias, além de prestadores de serviço, que reconhece e valoriza as iniciativas de melhoria na prevenção de acidentes e promoção de saúde no trabalho.

As três empresas com as melhores práticas em cada modalidade serão conhecidas e premiadas durante a Semana Prevenir, com solenidade de abertura marcada para o dia 26 de novembro. O 1º lugar de cada modalidade receberá troféu e placa de reconhecimento para a equipe autora do trabalho. O 2º e 3º lugar receberão placa de reconhecimento.

As inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected] enviando a ficha de inscrição e uma descrição das práticas de SST concorrentes, que deve ser preenchida de acordo com o modelo de trabalho. Os interessados devem baixar os documentos, preencher, assinar e enviar por e-mail. Também é possível enviar um vídeo explicando como funciona a prática concorrente. Para saber mais, leia o regulamento.

Baixe a Ficha de Inscrição Aqui

Baixe o Modelo de Trabalho

Leia o Regulamento Aqui

Por Fiorella Gomes

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