Empresa capixaba recebe certificação inédita do Inmetro

Ser um real parceiro de soluções tecnológicas não convencionais para os seus clientes e uma ponte entre mercado e meio científico, sempre agregando valor a todos os envolvidos, atuando com ética e buscando a evolução contínua, é a missão da 2Solve, empresa de automação e tecnologia, localizada em Vitória. Segundo Ricardo Calheiros, fundador da empresa, em entrevista à Findes, ser referência nacional em medição e controle de fluidos, e na promoção do melhor alinhamento entre competências multidisciplinares do ambiente de pesquisa e demandas não atendidas do mercado, são as suas metas.

Sobre Ricardo

Você é um dos fundadores da 2Solve? Como começou essa história?

Sim. Um ex-sócio e eu iniciamos a operação da empresa em 2011. Me apaixonei pelo Espírito Santo em 2002 trabalhando como funcionário de uma prestadora de serviços numa ampliação da, então, Aracruz Celulose.

Em 2003, atuando em Instrumentação Industrial, na mesma empresa, apresentei uma demanda da Petrobras para o professor Rogério Ramos, do Departamento de Engenharia Mecânica na Ufes. A demanda virou um projeto de pesquisa sobre medição ultrassônica de vazão de gás natural.

Outros três projetos vieram em sequência e o projeto vigente estuda tecnologias para esse tipo de medição em campos do Pré-sal, devido às altas concentrações de CO2.

Meu ex-sócio e eu atuávamos em empresas separadas desde o começo dos projetos, prestando serviço de suporte técnico e de engenharia, montando ambientes experimentais e realizando testes de campo. Então, em 2011, decidimos unir forças e criamos a 2Solve.

O envolvimento com os projetos de pesquisa nos capacitou ao ponto de atingir as seguintes marcas:

  • Realizar mais de 800 calibrações em praticamente todas as unidades de produção onshore e offshore da Petrobras em contratos diretos e indiretos;
  • Atender a operadores e afretadores como SBM, Statoil, Ventura e outras.
  • Colaborar para a redução de custo de aproximadamente R$3 milhões para a Petrobras, aplicando técnicas inovadoras de manutenção e de engenharia, evitando compras de sobressalentes desnecessários e revitalizando medidores.
  • Ser a primeira empresa à obter acreditação do INMETRO para os serviços relacionados aos medidores ultrassônicos de vazão de gás

Quando surgiu a vontade de fazer Automação?

Desde minha primeira obra, na construção de plataforma Petrobras 18 (P-18), quando atuei como instrumentista na equipe de comissionamento.

A interação com a automação foi se intensificando, graças a passagens por empresas de engenharia e integração de sistemas de automação industrial.

Na 2Solve, a atuação no meio científico e no setor produtivo me fez enxergar oportunidades para desenvolver tecnologias eletrônicas e de software para integradas oferecerem soluções práticas, flexíveis e de custo acessível.

Como é a sua formação e quais especializações procurou fazer para se aperfeiçoar ainda mais?

Apesar de valorizar a experiência prática que adquiri atuando em diversos segmentos de indústria, desde o projeto até a manutenção, infelizmente, não tenho graduação e, digo “infelizmente” pelo tanto que a cada dia valorizo a educação.

A cada membro que selecionamos para nosso time, a capacidade desse indivíduo e o produto da interação com os demais, resulta em avanços tecnológicos incríveis.

Criatividade e empenho são características essenciais para nós, mas a base é a educação, o conhecimento adquirido, em instituições como Ifes, Ufes, outras universidades e centros de ensino do estado.

Sobre o mercado e empresa

Os sistemas de automação são uma tendência do mercado. Pode dar detalhes dos projetos que tem desenvolvido na 2Solve?

Estamos desenvolvendo algumas tecnologias, mas destaco dois produtos que são o Computador Industrial 2SToolsIC e o software de acesso e controle remoto 2STools Overview.

Esses produtos são parte de uma família dedicada à integração de sistemas e totalmente projetados para atender aos conceitos de Internet das Coisas (IoT) e Industria 4.0.

Muito mais do que aquisitar dados, trabalhamos para transformar tais dados em informações úteis para tomadas de decisão.

Sua empresa é capixaba e, além de atender empresas locais, presta serviços em vários estados. Como tem sido essa atuação nacional e quais as principais demandas do mercado no seu segmento?

Atuamos em engenharia, desenvolvimento de tecnologia e serviços. Para projetos temos atendido à pesquisadores na UFES e também estamos projetando um dos mais específicos laboratórios científicos para estudos em escoamento multifásico de petróleo.

Em serviços, além da construção de duas plantas experimentais na UFES, realizamos calibrações de medidores de vazão de gás desde Urucu, na Amazônia até a Bacia de Santos.

Quanto a tecnologia, nosso computador industrial já equipa 15 poços de petróleo na Bahia e já estamos preparando mais 35 unidades para o mesmo cliente, que é o maior produtor independente do País.

O Espírito Santo aparece hoje em 14º lugar no Índice de Inovação, atrás de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Essa posição é incompatível com o tamanho da economia capixaba? Como podemos fortalecer esse segmento?

Acredito que podemos estar numa posição muito mais alta no ranking. Alguns dos aspectos positivos, é a segmentação da indústria e suas cadeias produtivas, agricultura forte, universidades federais bem classificadas, qualidade de vida e etc.

Porém, vejo que temos três grandes vilões contra a inovação: falta de incentivo financeiro, de acesso à indústria e os gastos com impostos.

A importação de componentes eletrônicos é indispensável pela indisponibilidade de fabricantes nacionais, e acredito que redução de ICMS ajudaria bastante para o desenvolvimento de tecnologia local.

Redução de impostos é uma coisa difícil de acontecer, mas acredito que no que se refere a incentivo financeiro, entidades como CDMEC, FINDES, REDEPETRO e SEBRAE vem fazendo um ótimo trabalho.

As consultorias viabilizadas pelo SEBRAE nos ajudam e podem ajudar a qualquer empresa a se estruturar e obter ganhos de naturezas diversas.

No longo prazo, os eventos organizados por CDMEC e REDEPETRO com ajuda da FINDES mostrarão efeitos positivos, seja pela aproximação dos prestadores locais para grandes empresas ou pela interação entre os associados.

A apresentações de demandas de grandes empresas, apresentação de laboratórios e reuniões entre associados certamente contribuem para união entre demanda e competências, e para a detecção de sinergias.

O Brasil subiu mais um degrau no ranking dos dez países maiores produtores de petróleo do mundo. O país está em 9º lugar com uma produção média de 3,2 milhões de barris de petróleo (óleo e gás) por dia, representando 3% da produção total mundial. O ranking é da a Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), com base nos dados de 2017. Acredita que esse crescimento continuará nos próximos anos e como as empresas dessa cadeia produtiva podem se qualificar para acompanhar e se integrar nesse desenvolvimento?

Acredito que o crescimento se concretizará, e para atender a este mercado é necessário buscar certificações de qualidade tais como ISO, RBC e outras. Porém, de pouco adianta obter certificações se não se buscar entendimento sobre como funciona o cliente.

E o Brasil está preparado tecnologicamente para acompanhar a demanda? Portanto, inovação e qualificação são os grandes desafios para empresas se tornarem ainda mais competitivas?

Acredito que há competência técnica no Brasil para se desenvolver qualquer tecnologia, afinal, somos criativos e persistentes. Porém, mais uma vez insisto na carga tributária.

Por mais repetitivo que isso seja, nossa carga tributária é nosso grande inimigo.

Isso inviabiliza projetos ou acaba gerando empregos para protótipos, ficando a produção para outros países.

A sua empresa é a única no mais creditada e um determinado quesito. Nos conte mais sobre isso?

Somos a primeira empresa a obter acreditação do INMETRO para “velocidade do som”, que a avaliação realizada para medidores ultrassônicos de vazão de gás de queima.

Desde o começo buscamos e obtivemos êxito no desenvolvimento de métodos e ferramentas específicas que promovessem melhoria na qualidade da medição.

Entendemos que a acreditação do INMETRO era o degrau mais alto, nos adequamos, fomos auditados e conseguimos.

O próximo passo é dar continuidade à um projeto já iniciado e desenvolver nosso próprio medidor.

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