Texto originalmente publicado no jornal A Tribuna, na coluna Tribuna Livre, no dia 10 de abril de 2016.
*Marcos Guerra é presidente do Sistema Findes
Mudança de postura
Inflação de dois dígitos, previsão de quase R$ 100 bilhões de déficit nas contas públicas, restrição do acesso ao crédito, taxas de juros impagáveis, aumento de impostos, queda na arrecadação, fechamento de milhares de empresas, recorde histórico de desemprego e noticiários mostrando prisões de figuras públicas e empresários de renome internacional. O cenário caótico que vive o Brasil é de conhecimento de todos e a descrição acima dimensiona um pouco da gravidade do momento atual.
A crise política, naturalmente, causa fortes impactos na economia brasileira. A indústria, em especial, teve redução de 6,2% no PIB do ano passado, a pior desde 1996, e sofreu queda de 8,3% na produção física. Com as vendas no comércio em baixa e quase um terço de ociosidade na indústria, o desemprego também cresceu. Somente no Espírito Santo, 44.971 postos formais de trabalho foram reduzidos em 2015. Neste ano, ultrapassamos sete mil demissões no primeiro bimestre.
Diante de um país paralisado, é preciso que o Governo Federal dê sinais de recuperação. O primeiro passo deveria ser uma mudança de postura. Não há espaço para cegueira ideológica e discursos utópicos, como falar em aumento de impostos. A economia pede soluções pragmáticas: ajuste fiscal, reformas trabalhista e previdenciária, redução da carga tributária, acesso ao crédito, entre outros itens que contribuam para resgatar a competitividade e a credibilidade do Brasil.
Neste contexto, o Espírito Santo deveria servir de referência para a gestão federal. Com uma máquina pública ajustada, capaz de manter contas em dia sem aumento de impostos, e um setor produtivo resiliente, temos lutado contra as intempéries na busca por soluções criativas. Somente no mês de março, três lideranças diplomáticas – de Índia, Portugal e Japão – estiveram no Estado para ouvir sobre as potencialidades de nossa indústria e tratar de possíveis investimentos.
Cabe lembrar que, nas últimas quatro décadas, nosso Estado passou por grandes transformações, com a implantação de importantes projetos industriais. Entramos no terceiro milênio diversificando nosso parque industrial, incorporando novos setores, abrindo espaço para a inovação e intensificando a produção de maior conteúdo tecnológico. O Sistema Findes, por meio de suas entidades e sindicatos, sempre atuou para impulsionar o desempenho da indústria capixaba.
Com presença institucional em todas as regiões, estamos ouvindo a indústria e atendendo seus pleitos. Estruturamos nossos Centros Integrados, inclusive no interior, trabalhando para modernizar o setor produtivo capixaba. Queremos inserir nosso Estado nas cadeias globais de valor e ampliar o leque de oportunidades. Para alcançar este objetivo, vamos concluir 16 obras neste ano, de norte a sul do Espírito Santo. As entregas já começaram: em fevereiro, inauguramos uma unidade do Sesi Saúde em Colatina e entregamos a primeira Unidade Móvel Frigorífica do país, com layout totalmente inédito, desenvolvido pela equipe do Senai. Em março, um novo Centro Integrado foi inaugurado em Anchieta. A unidade moderna e sustentável recebeu R$ 16,8 milhões em obras e equipamentos. A soma de todos esses investimentos representa um momento histórico para o Sistema Findes.
Concluindo projetos nas principais regiões industriais do Estado, a exemplo de Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Vila Velha, Anchieta, Linhares, Serra e Aracruz, investimos na capacidade humana de reagir às adversidades. Acredito no trabalhador capixaba e tenho certeza de que o Espírito Santo tem feito sua parte. Enquanto Brasília não promove as mudanças para destravar o país, estamos construindo um Estado de oportunidades, com renda para todos.
